Título: LULA: PAGAMENTO AO PT EM 4 PARCELAS
Autor: Regina Alvarez
Fonte: O Globo, 10/08/2005, O País, p. 10

Banco do Brasil envia à CPI dos Correios cópias dos recibos de depósito

BRASÍLIA. A CPI dos Correios recebeu do Banco do Brasil a confirmação de que foram feitos quatro depósitos no valor total de R$29.436,26 em nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na conta número 13.000-1 do Partido dos Trabalhadores. Os depósitos seriam o pagamento de dois empréstimos concedidos pelo PT a Lula antes de sua chegada à Presidência.

Os empréstimos a Lula com recursos do Fundo Partidário estão registrados na prestação de contas do PT de 2003. O BB informou que os depósitos atribuídos a Lula foram feitos em 30 de dezembro de 2003, no valor de R$12 mil; em 29 de janeiro de 2004, no valor de R$6 mil; em 30 de janeiro de 2004, de mais R$6 mil e em 30 de março de 2004, no valor de R$5.436,26. O pagamento dos empréstimos, portanto, teria sido feito quando Lula já estava na Presidência.

As informações enviadas pelo BB deixaram insatisfeitos os integrantes da CPI, pois não foram encaminhados os comprovantes dos depósitos mas apenas uma listagem com os registros das datas, os valores e os nomes dos depositantes da conta 13.000-1, onde aparece o presidente Lula. A CPI decidiu então encaminhar um novo requerimento ao banco pedindo a fita-detalhe do caixa e os comprovantes de depósitos.

O banco enviou um funcionário à agência em São Paulo que tem a conta do PT para tentar obter as informações. Segundo os técnicos da comissão, trata-se de uma conta especial que exige o uso de senha para movimentá-la, mesmo no caso de depósitos.

¿ São operações atípicas. O PT não é um banco e os recursos do Fundo Partidário não são para esse fim. Essa não é uma prática exemplar e precisa ser esclarecida ¿ afirmou o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), integrante da CPI dos Correios.

O PT, em nota assinada pelo tesoureiro José Pimentel e pelo secretário-geral Ricardo Berzoini, informou que os pagamentos referem-se a uma dívida que Lula teria deixado pendente em dezembro de 2002, quando rescindiu o contrato de funcionário e dirigente partidário do partido. A dívida de R$29 mil seria referente a ¿despesas de viagem de Lula, uma passagem de Marisa Letícia e adiantamento ao funcionário¿, segundo a nota.

O partido afirma que o então procurador de Lula, Paulo Okamoto, atual presidente do Sebrae, não teria reconhecido a dívida no momento da rescisão do contrato. Em dezembro de 2003, entretanto, Okamoto teria proposto ao PT quitar a dívida em quatro parcelas.

A Presidência da República não reconhece as operações. Sua assessoria de imprensa reiterou ontem uma nota divulgada no dia 22 de julho, que transfere para o PT a responsabilidade de explicar os empréstimos.