Título: BNDES VÊ ENTRAVE NOS JUROS E EXPANSÃO ADIADA PARA 2006
Autor: Mirelle de França
Fonte: O Globo, 10/08/2005, Economia, p. 27

Banco diz que crescimento continua apoiado em exportação

Estudo divulgado ontem pelo BNDES indica que a consolidação do crescimento da economia brasileira, que teve início em 2004, foi adiada para o segundo semestre deste ano e o início de 2006. De acordo com o primeiro número da ¿Sinopse do investimento¿ ¿ publicação que será trimestral ¿ o crescimento nos primeiros meses deste ano continuou apoiado nas exportações e na demanda de bens duráveis, ao contrário do que se esperava no fim de 2004. A política monetária severa, de juros altos, foi apontada como o principal entrave para a expansão.

O editorial que abre o estudo, assinado pelo diretor da Área de Planejamento do banco, Antônio Barros de Castro, ressalta, no entanto, que os empresários estão investindo pesado na aquisição de máquinas e equipamentos para a indústria. ¿A despeito da retração da massa de investimento nos dois trimestres apontados, a atitude empresarial com relação à aquisição de máquinas e equipamentos manteve-se altamente positiva¿, diz o editorial.

Crédito para máquinas cresceu 91,7% este ano

Nos primeiros sete meses do ano, os desembolsos da Finame ¿ linha da instituição que financia a compra de bens de capital ¿ na categoria ¿BK sem rodas¿, que representa máquinas e equipamentos para a indústria, cresceram 91,7%, somando R$364 milhões no período. De acordo com o estudo, esse dado revela ¿o elevado potencial de crescimento da economia¿. Por outro lado, as empresas estão adiando, segundo o documento, a ampliação e construção de novas fábricas, devido às incertezas e aos custos altos.

A ¿Sinopse do investimento¿ antecipou, ainda, o desempenho do banco nos sete primeiros meses do ano. O desembolsos no período somaram R$24,4 bilhões, o que representa uma alta de 16,7% em relação ao acumulado entre janeiro e julho do ano passado. Já as consultas, que indicam a intenção do empresariado, alcançaram R$52,6 bilhões, um crescimento de 7,2% no período. Enquanto isso, as aprovações e os enquadramentos fecharam em R$28,3 bilhões e R$51,6 bilhões, o equivalente a um aumento de 31% e 44,9%, respectivamente.

O estudo do banco mostrou que os três setores que registraram o maior desembolso na indústria foram: alimentos e bebidas (R$852,7 milhões), celulose e papel (R$666,9 milhões), e produtos químicos (R$524 milhões).

Só mudança no cenário pode impedir o crescimento

No editorial, Barros de Castro afirma, ainda, que ¿a economia tem exibido notável resistência à turbulência política¿ e que somente uma mudança no cenário macroeconômico poderá impedir o crescimento do país.