Título: LEVY: COMPRA DE MOEDA NÃO É URGENTE
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Fonte: O Globo, 10/08/2005, Economia, p. 28

Tesouro afirma que programa para adquirir dólares está adiantado

SÃO PAULO. O secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, disse ontem que ¿não há urgência¿ em voltar a comprar dólares no mercado para aproveitar a queda das cotações. Segundo ele, o governo deve agir ¿sem açodamento, sem ter de exagerar no passo¿.

¿ Temos um programa combinado (de compra de dólares) com o Banco Central e estamos relativamente adiantados, como parte de uma estratégia de prudência, sem açodamento, sem ter de exagerar no passo ¿ disse ele, depois de participar de seminário em São Paulo.

Para Levy, hoje não há mais volatilidade excessiva no mercado, como aconteceu em julho, levando o Tesouro a suspender as compras. Mesmo assim, ele ressaltou que o Tesouro é ¿um comprador como outro qualquer¿, que precisa administrar suas operações.

Levy afirmou que a possibilidade de o Tesouro adiantar ou antecipar a compra de divisas para o financiamento das contas externas de 2006 seria ¿admissível¿. Mas completou que isso não está sendo avaliado no momento. Levy disse que, em razão dos resultados positivos da economia, o mercado financeiro tem reagido bem à crise política. Isso explicaria a demanda por papéis prefixados do governo.

O secretário do Tesouro descartou ainda a possibilidade de elevação da meta de superávit primário. Ele reafirmou a meta oficial de 4,25%, contrariando rumores do mercado de que o Tesouro estaria trabalhando com uma meta informal de 5,1%:

¿ Uma economia que vai bem favorece um bom resultado fiscal. O Tesouro trabalha com 4,25%, por enquanto.

Levy criticou ainda a decisão de alguns estados, como o Rio Grande do Sul, de recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir a mudança de indexador de suas dívidas ¿ de IGP-M para IPCA. Ele argumentou que os contratos celebrados com a União ¿são claros e equilibrados¿.