Título: DÓLAR TEM QUEDA DE 0,86% E FECHA A R$ 2,295
Autor:
Fonte: O Globo, 10/08/2005, Economia, p. 28

É a 1ª vez que a moeda fica abaixo de R$2,30 desde 2002. Mercado reage bem ao depoimento de Marcos Valério

A máxima do mercado financeiro de que ¿a cotação sobe no boato e cai no fato¿ foi constatada ontem. A expectativa em relação ao depoimento do publicitário Marcos Valério à CPI do Mensalão foi o pano de fundo para a alta de 0,86% do dólar na segunda-feira, quando fechou o dia a R$2,33. Ontem, a justificativa dos operadores era de que o depoimento não trouxe nada de novo que justificasse um temor maior. Resultado: o dólar caiu 1,50%, cotado em R$2,295, pela primeira vez abaixo de R$2,30 desde 12 de abril de 2002.

Pela manhã, a moeda alternou altas e baixas, por causa também da expectativa em relação à reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Mas à tarde, manteve firme a trajetória de queda. A negociação da moeda sofreu ainda forte influência das declarações do secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, de que a instituição manterá suspensas as compras de dólares no mercado. Além disso, o Fed manteve o ajuste gradual previsto e elevou a taxa básica dos Estados Unidos em 0,25 ponto percentual. Isso garante o fluxo de investimentos para mercados emergentes, caso do Brasil, que permanecem mais vantajosos do que os títulos do Tesouro americano.

¿ A perspectiva agora é de que a entrada de recursos continue positiva e o dólar, sem grandes compradores como o Tesouro ou o Banco Central, desvalorize-se ainda mais. Ou seja, o dólar subirá de escada num quadro de maior estresse, mas descerá de elevador quando abrandar o pessimismo ¿ brincou Hideaki Iha, operador de câmbio da Souza Barros.

Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) subiu ontem 2,17%, sem sentir o efeito da crise política. O Ibovespa, principal índice da Bolsa, atingiu 27.291 pontos, o maior patamar desde 21 de março deste ano. A variação percentual foi também a mais alta desde o dia 28 de julho, de 2,88%. Os bons resultados financeiros no primeiro semestre do ano, divulgados pelas empresas nas últimas semanas, e a perspectiva de queda próxima dos juros básicos brasileiros (Taxa Selic) foram os principais fatores que puxaram a valorização da Bolsa, assim como a pequena alta dos juros americanos.

Bovespa acumula alta de 4,79% no mês

A decisão do Fed animou as bolsas americanas. O Dow Jones avançou 0,75% e o Nasdaq, 0,45%, o que contagiou os investidores da Bovespa. Com o resultado de ontem, a Bolsa acumula ganho de 4,79% no mês e pode subir ainda mais. Segundo Avelino Gonçalves de Almeida filho, diretor da Lógica do Mercado, empresa de gestão de recursos, a Bovespa não vem acompanhando a alta das bolsas mundiais nos últimos meses e, agora, tenta uma reação. Sem o peso do risco político, a Bolsa pode atingir 30 mil pontos.

¿ O ambiente externo positivo e uma possível queda da Selic podem trazer um cenário muito favorável para a Bolsa ¿ disse o analista Bruno Godoy, da ARX Capital.

Nesse contexto, o Global 40, título brasileiro mais negociado no exterior, subiu 1,65%, atingindo 120,15% do valor de face. O risco-Brasil caiu 1,30%, para 381 pontos centesimais.

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