Título: EM BH, PRESIDENTE EVITA FALAR DE CRISE
Autor: Cristiane Jungblut e Luiza Damé
Fonte: O Globo, 09/08/2005, O País, p. 8

Lula enfrenta protesto de parentes de militares ao desembarcar em Minas

BELO HORIZONTE. Na terra de Marcos Valério de Souza, Minas Gerais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu nada falar sobre a crise política e limitou-se a discursar sobre os motivos que o levaram à capital mineira: o lançamento do prêmio ODM Brasil - Objetivos do Milênio e a abertura da Semana Nacional da Cidadania e Solidariedade.

O assunto só foi abordado por ele nos bastidores. O vereador Arnaldo Godoy (PT) disse que Lula espontaneamente falou que queria apurar tudo, mostrar o que já foi feito e o que vai fazer no país. Ao desembarcar na base aérea da Pampulha, o presidente se deparou com um grupo de mulheres e filhas de militares que protestou contra o reajuste dividido em duas parcelas concedido às Forças Armadas. Indiferente à manifestação, o presidente foi até o grupo, abraçou Letícia Viana, de cinco anos, e entrou no carro que o levaria até a abertura da Semana Nacional da Cidadania e Solidariedade.

O prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), abordou a crise durante a solenidade. Ele tentou mostrar confiança no presidente Lula, que pouco antes havia lhe dito que tem ¿a alma forte e o coração sereno¿. Foi a partir desta fala de Lula que Pimentel aproveitou para dizer que eles, os petistas, sairão mais fortes e comprometidos com a ética e que confiam no timoneiro.

Bate-boca entre militantes do PT e do PSTU

O governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), destacou a maturidade das instituições.

¿ O país, as instituições e o seu povo têm dado demonstrações de maturidade no enfrentamento das crises graves com a atual, que mobiliza as atenções ¿ afirmou Aécio em seu discurso.

O assunto foi abordado pelo presidente, que falou sobre a importância do Programa Fome Zero, dos encontros que tem mantido com representantes de outros países e da recuperação da economia brasileira, que mereceu uma atenção especial do presidente.

O tom político da passagem do presidente Lula por Belo Horizonte ficou por conta dos militantes do PSTU e do PT. De um lado os petistas gritando ¿um dois três, Lula outra vez¿; do outro, os militantes do PSTU respondiam ¿um, dois, três, Lula no xadrez¿.

O presidente sequer ouviu o barulho. Ele entrou no prédio do Teatro Sesiminas pela garagem, que fica em outra rua, bem distante do bate-boca entre os manifestantes.