Título: PETRÓLEO BATE NOVO RECORDE E ENCOSTA EM US$64
Autor:
Fonte: O Globo, 09/08/2005, Economia, p. 23

Com temor de atentados, barril fecha a US$63,94 em NY e US$62,70 em Londres. Risco-Brasil sobe 1,58%

NOVA YORK, LONDRES, RIO e BRASÍLIA. O barril do petróleo bateu novo recorde ontem, encostando em US$64 em Nova York, devido ao temor de ataques na Arábia Saudita e a problemas com refinarias nos Estados Unidos. O avanço nos preços da commodity afetou as bolsas americanas, o dólar e o risco-Brasil.

Na Bolsa Mercantil de Nova York, o barril do cru leve subiu 2,6%, para US$63,94 ¿ a maior cotação desde que as operações começaram, em 1983. Durante o pregão, chegou a ser negociado a US$63,99. Em Londres, o Brent avançou 2,7%, para o recorde de US$62,70.

Segundo operadores, pesaram as ameaças de atentados à Embaixada dos EUA na Arábia Saudita, a retomada do programa nuclear iraniano e um incêndio numa refinaria americana. Para Marshall Steeves, analista da consultoria Refco Group Inc., a demanda ainda está muito alta e qualquer ameaça à produção é motivo para os preços subirem.

O novo recorde do petróleo afetou Wall Street: o Dow Jones caiu 0,20% e o Nasdaq, 0,62%.

No Brasil, o impacto foi no mercado de câmbio e nos títulos brasileiros. O dólar, depois de atingir o mínimo de R$2,299, graças ao resultado da balança comercial, acabou fechando em alta de 0,86%, a R$2,330. O Global-40, título da dívida externa mais negociado, recuou 1,46%, sendo cotado a 118,20% do valor de face. O comportamento deste e dos demais títulos brasileiros fez o risco-país avançar 1,58% ontem, para 386 pontos centesimais.

Segundo analistas, além da alta no rendimento dos títulos do Tesouro americano ocorrida ontem, investidores de grande porte trocaram títulos do Brasil por contratos no mercado futuro de petróleo.

A alta da commodity, no entanto, ainda não se refletiu na pesquisa semanal ¿Focus¿, do Banco Central (BC), com cem economistas. No boletim divulgado ontem, a estimativa do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, usado no sistema de metas de inflação) para 2005 recuou pela 12ª semana consecutiva, de 5,54% para 5,5%. A meta do governo é de 5,1%. Para 2006, a projeção é de 5%, frente à meta de 4,5%.

Para a taxa de câmbio, os analistas estimam R$2,51 no fim deste ano e R$2,75 em dezembro de 2006. Neste cenário, os juros poderão cair dos atuais 19,75% ao ano para 18% em dezembro de 2005 e 15,75% em 2006.

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