Título: BANCO PODE TER ENVIADO DADOS INCOMPLETOS À CPI
Autor: Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 09/08/2005, O País, p. 11

BRASÍLIA. Os integrantes da CPI dos Correios suspeitam que o Banco de Brasília (BRB) forneceu para a comissão dados incompletos sobre duas contas da agência SMP&B do empresário Marcos Valério de Souza. Os parlamentares acreditam que as informações não apresentadas possam envolver políticos. Nas duas contas, que movimentaram R$136,8 milhões, há 22 saques não identificados que somam cerca de R$1,3 milhão. A maior parte deles foi feita em 2000 e 2001.

Esta é a primeira sistematização feita pela CPI desde que chegaram os documentos do BRB. As duas contas foram abastecidas pelos clientes da SMP&B em Brasília. O maior clientes é a secretaria de Fazenda e Planejamento do Distrito Federal, que, de 2000 a 2005, lançou R$64,1 milhões. Os Correios também remuneraram os serviços da agência pelo BRB. Em 2004 e 2005 a estatal fez depósitos que somaram R$36 milhões.

Já a Terracap, empresa que administra as terras públicas de Brasília, fez pagamentos de R$10,1 milhões de 2000 a 2005. A Câmara Distrital depositou R$6,1 milhão e a Câmara dos Deputados depositou R$4,1 milhões em 2004 e 2005.

¿ Os dados preliminares mostram uma série de incoerências que precisam ser investigadas e aprofundadas. A CPI agora começa a investigar o braço brasiliense da conexão ¿ disse o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), integrante da CPI.

CPI investiga se contas abasteciam outras contas

A CPI também investiga se estas duas contas abasteciam outras contas da SMP&B em Brasília e Belo Horizonte. Em 2000 e 2001, foram 13 saques não identificados numa única conta, que somam R$822 mil. Somados todos os saques não identificados dessa conta chega-se a R$1,038 milhão até 2003. A CPI deve pedir novas informações ao BRB para identificar esses saques. Quer saber se a omissão foi intencional ou se houve problema técnico.

Na lista dos destinatários, chamou a atenção da CPI o Banco OK, do ex-senador Luiz Estevão. De 2003 a 2005, foram repassados para a instituição R$972 mil. A conta do BRB mostra que a SMP&B também repassou recursos para o Vox Populi. Somente em 2004, o instituto recebeu R$3,3 milhões.