Título: ABAP CONTESTA ATAQUES DE VALÉRIO A AGÊNCIAS DE PUBLICIDADE DO PAÍS
Autor: Evandro Éboli/Isabel Braga
Fonte: O Globo, 11/08/2005, O País, p. 5

'Modelo adotado na DNA e na SMP&B não reflete nosso comportamento'

SÃO PAULO. O vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap), Waldir Siqueira, refutou ontem os ataques de Marcos Valério a grandes agências do setor. Segundo Siqueira, o modelo de gestão adotado por Valério na DNA e na SMP&B não é o praticado no mercado publicitário. Em depoimento à CPI do Mensalão, o empresário acusado de ser um dos operadores do esquema de corrupção que pagou a deputados para supostamente votarem com o governo disse ser comum ver donos de grandes agências recebendo contas publicitárias importantes em governos municipais, estaduais ou no federal após atuarem em campanhas eleitorais.

- O modelo de gestão que ele (Valério) adotou nas suas duas empresas não pode ser levado em conta pelo mercado publicitário. Temos mais de quatro mil agências no país e o modelo adotado na DNA e na SMP&B não reflete o nosso comportamento - disse Siqueira, destacando que a SMP&B já está em processo de descredenciamento da associação. A DNA, outra empresa de Valério, já não faz parte da Abap.

"É bom lembrar que ele (Valério) nem é publicitário"

No depoimento à CPI, Marcos Valério se referiu principalmente a dois dos mais famosos publicitários do país, Duda Mendonça e Nizan Guanaes, responsáveis, respectivamente, pelas campanhas presidenciais do PT de Luiz Inácio Lula da Silva e do PSDB de José Serra em 2002. Siqueira justificou a proximidade de algumas agências publicitárias com governos em razão da intimidade adquirida ao longo de uma campanha.

- Quando uma agência trabalha numa candidatura, é claro que ela recebe muito mais informações, e assim vai tendo mais acesso. E isso deixa a agência mais credenciada. O mercado entende que a agência que trabalha numa campanha tem mais intimidade com o governo ou com as pessoas que participam dele. Isso é natural - disse Siqueira.

Para ele, Marcos Valério tenta agora dividir a culpa por não ter exercido a profissão de forma legal.

- É bom lembrar que ele nem é publicitário.

Siqueira lembrou ainda que o mercado é regido pela lei 4.680, além de normas e padrões que orientam a relação entre as agências, os veículos de comunicações e os anunciantes.

Setor vai excluir empresas do mercado

O vice-presidente da Abap disse também que Marcos Valério feriu o código de ética da categoria e que por isso vai exigir, por meio da entidade que preside, que as empresas dele sejam descredenciada o quanto antes:

- São empresas que não podem continuar atuando. Mas o próprio setor, diante de tanta denúncia, vai tratar de excluí-las do mercado.