Título: FRÁGIL, GOVERNO É DERROTADO E MÍNIMO, ELEVADO
Autor: Regina Alvarez/Isabel Braga
Fonte: O Globo, 11/08/2005, O País, p. 13

Emenda de ACM aumenta piso salarial para R$ 384,29 mas ainda tem de ser votada na Câmara

BRASÍLIA. Em sua maior derrota no Senado desde o início da crise, o governo não conseguiu impedir ontem a aprovação de uma emenda que eleva para R$

384,29 o valor do salário-mínimo.

Por 30 votos a 27, e com cinco abstenções, o destaque à medida provisória que fixou o mínimo em R$ 300, apresentado pelo senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), foi aprovado no início da noite. A alteração ainda terá que ser apreciada pelo plenário da Câmara.

Enquanto isso, o salário de R$ 300 continua em vigor.

O impacto orçamentário do aumento do mínimo, se confirmado, será de R$ 12 bilhões,

segundo o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante.

- A oposição endoideceu. Esse reajuste custará cerca de

R$ 12 bilhões aos cofres públicos por causa do seu impacto nas contas da Previdência. Foi

um golpe político da oposição, que está se comportando de forma irresponsável. Desse jeito, vão começar a contaminar a economia - disse Mercadante.

Segundo ele, mesmo se o governo cortasse toda a previsão orçamentária de 2005 para investimentos, não seria possível

absorver o impacto desse reajuste. Ele espera que a Câmara consiga reverter a mu-dança, aprovando novamente o mínimo de R$ 300. Existe ainda a opção de o presidente Lula

vetar o aumento, caso os deputados mantenham o valor aprovado ontem no Senado.

Nesse caso, porém, os traba-lhadores

acabariam punidos.

- Se não mudarem na Câmara, há o risco de o texto ser vetado ( pelo presidente da República) e voltarmos ao mínimo de R$ 260 - ponderou o líder do governo.

Após a votação, a oposição comemorou e os governistas, atônitos, não sabiam explicar o que havia acontecido. Senadores da base aliada contribuíram para a derrota, se abstendo ou votando contra o governo. A Câmara terá que votar novamente a MP do mínimo até dia 19, prazo em que perderá a eficácia.