Título: PT ERA UM MINISTÉRIO SEM PASTA, DIZ TARSO GENRO APÓS IDA AO PLANALTO
Autor: Regina Alvarez/Isabel Braga
Fonte: O Globo, 11/08/2005, O País, p. 13

Presidente do partido sugere que presidente faça pronunciamento

BRASÍLIA. Em guerra com o grupo do ex-ministro José Dirceu (PT-SP), o presidente do PT, Tarso Genro, foi ontem ao Palácio do Planalto defender mudanças no relacionamento entre o partido e o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em reunião com o ministro da Coordenação Política, Jaques Wagner, Tarso propôs a formalização das relações entre o PT e o Planalto e avisou que, a partir de agora, os contatos do partido se darão apenas por meio de "instâncias delegadas", como forma de evitar desmandos. Disse que o PT funcionava como um ministério sem pasta.

- Se as partes não se relacionam formalmente, não existe um espaço de divisão entre eles. O partido tinha sido, pelo menos até algum tempo, praticamente uma extensão do governo. E funcionava como uma espécie de ministério sem pasta - afirmou Tarso.

Assessores não querem pronunciamento de Lula

Ele disse que, a partir de agora, as relações do PT com o governo terão critérios e serão sempre levadas ao conhecimento das instâncias partidárias:

- Qualquer relação de grupo, de personalidade, de indivíduo, é por conta desse indivíduo e não estabelece mais compromisso do partido com o governo naquilo que for acertado.

Tarso disse ter levado a Wagner a opinião da direção provisória do PT sobre a forma como o presidente vem conduzindo a reação à crise. Ele quer que Lula amplie o diálogo com os diferentes setores da sociedade.

No encontro, Tarso também sugeriu que Lula faça um pronunciamento à nação, amanhã, na abertura da reunião ministerial. Tarso quer que Lula assuma que o PT cometeu erros no governo, mas que esses erros serão corrigidos.

A proposta de Tarso, segundo interlocutores de Lula, não foi bem recebida. Assessores teriam desaconselhado Lula a fazer pronunciamento definitivo com o argumento de que não há ainda domínio de todas as informações sobre o que foi feito pela antiga cúpula do partido.