Título: DUAS VERSÕES SOBRE EMPRÉSTIMO DO PT A LULA
Autor: Regina Alvarez/Isabel Braga
Fonte: O Globo, 11/08/2005, O País, p. 13

Okamoto diz que pagou dívida de R$29 mil do presidente com partido mas Jaques Wagner nega tudo

BRASÍLIA. A polêmica em torno de um suposto empréstimo de R$29.436,26 do PT ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva cresceu ontem. O coordenador político do governo, Jaques Wagner, negou a existência do empréstimo ou qualquer dívida de Lula com o PT. Já o presidente do Sebrae, Paulo Okamoto, em nota, confirmou que pagou com recursos próprios o empréstimo em quatro parcelas para Lula, na condição de seu procurador.

Na terça-feira, a direção do PT atribuíra a Okamoto a responsabilidade pela quitação da dívida, que seria uma pendência deixada por Lula na rescisão do contrato, em 2002, como funcionário e dirigente do partido.

- Tenho a dizer o que ouvi do presidente Lula: que ele não tomou empréstimo, não reconhece empréstimo e não pagou empréstimo - disse Wagner.

Segundo o ministro, Lula era presidente de honra do PT antes das eleições de 2002 e fez viagens pela caravana da cidadania. Portanto, a obrigação do partido era pagar suas despesas. Wagner disse que ouvira a seguinte explicação do presidente: se alguém do PT por uma ou outra regra resolveu lançar despesas de viagens como empréstimo, isso seria problema da contabilidade do partido.

- Já ouvi da boca do presidente: 'Não vou inventar história, não tomei dinheiro emprestado, não reconheço dívida com o PT e não paguei ou mandei pagar empréstimo'. É uma questão de contabilidade do PT.

Já Okamoto, na nota, detalha como quitou o empréstimo, ressaltando que inicialmente não reconheceu parte da dívida, mas resolveu pagá-la ao saber que já estava incluída na prestação de contas do PT.

"O PT me informou um valor de R$29.436,26 em aberto. Tal valor se referia a uma passagem de dona Marisa Letícia à China, acompanhando Luiz Inácio Lula da Silva como dirigente do PT, adiantamentos em moeda estrangeira para suas despesas de viagens à China, França (duas), Portugal e Itália", diz a nota.