Título: BANCOS APOSTAM EM COTAÇÃO DE R$2,50 EM DEZEMBRO
Autor: Fabiana Ribeiro
Fonte: O Globo, 11/08/2005, Economia, p. 27

Instituições reduziram projeção para o fim do ano, que era de R$2,80 em abril, segundo pesquisa da Febraban

RIO e SÃO PAULO. Com exportações em alta e a entrada de investidores internacionais atraídos pelos altos juros pagos no Brasil, a cotação do dólar chegou ontem a seu nível mais baixo dos últimos 40 meses: R$2,28. O valor representa uma queda de 0,65% em relação ao dia anterior. Durante o dia, a moeda chegou a ser negociada a R$2,269, subindo ligeiramente depois que os bancos aproveitaram o preço baixo para comprar moeda.

Mas a perspectiva dos bancos é de que o dólar mantenha a queda. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) divulga nos próximos dias pesquisa com quase 50 instituições ouvidas esta semana mostrando que a moeda americana não deve passar de R$2,50 em dezembro. Para efeito de comparação, na sondagem realizada em julho os bancos apostavam numa cotação de R$2,58 para o dólar ao fim do ano. Em junho, esse valor era de R$2,68 e em abril, de R$2,80.

- As projeções vêm caindo sistematicamente desde o início do ano - afirmou o economista-chefe da Febraban, Roberto Troster.

Muitas consultorias também têm revisto suas estimativas. Na semana passada, a MB Associados rebaixou outra vez sua projeção para o câmbio em dezembro, de R$2,60 para R$2,45. No início do ano, a projeção era de um valor próximo a R$3.

Na avaliação dos especialistas, se prevalecer o cenário econômico, a cotação não deve fugir do controle. Existe ainda um fluxo muito forte de capitais para o país e, além disso, os desembolsos com pagamento de dívida externa nos próximos meses apresenta valores relativamente baixos para o período - entre US$1,8 bilhão e US$2,7 bilhões mensais.

- A situação parece tranqüila. Só muda se acontecer algo muito diferente no lado político. Aí, vai ser o imponderável - disse a economista-chefe da MB, Monica Baer.

A queda do dólar ontem só não foi maior devido ao mau humor gerado pela nova alta do petróleo, que também afetou as bolsas de valores. Depois de iniciar o dia com um movimento de compra, a Bovespa fechou em baixa de 0,64%. Mais uma vez, o resultado esteve muito mais ligado às quedas nas bolsas americanas do que à crise política no Brasil, que também pouco afeta a percepção dos investidores internacionais. O risco-país fechou o dia cotado a 376 pontos centesimais, o menor patamar desde os 373 de março deste ano.

DÓLAR AFETA RENDA NO CAMPO E PLANTIO DA SAFRA DE SOJA,na página 28