Título: LABBAT AFETA OS RESULTADOS DA AMBEV
Autor: Aguinaldo Novo
Fonte: O Globo, 11/08/2005, Economia, p. 29

Por causa de reestruturação da canadense, lucro caiu 21,1% no semestre

SÃO PAULO. Os gastos com a reestruturação da canadense Labbat afetaram os resultados da Companhia de Bebidas das Américas (AmBev) no primeiro semestre deste ano. A empresa registrou lucro líquido de R$449,4 milhões, 21,1% a menos do que no mesmo período de 2004. A AmBev teve de provisionar em seu balanço R$176 milhões para o fechamento de fábricas e dispensa de funcionários da Labbat, braço do grupo brasileiro na América do Norte.

A empresa também reconheceu perdas no semestre na contratação de hedge (estratégia de proteção para evitar perdas financeiras) para seus custos variáveis em dólar. Estão nesta conta gastos como a compra de malte e do alumínio para latas. O prejuízo aconteceu porque a AmBev contratou um dólar com cotação superior à efetivamente negociada no mercado. No segundo trimestre, para um hedge a R$2,98, o preço médio real foi de R$2,35.

- Sempre olhamos para um período maior à frente, de nove a 12 meses, e achamos prudente iniciar o hedge - disse o diretor financeiro da AmBev, João Castro Neves, sem detalhar os valores perdidos na operação.

Expurgados esses efeitos do balanço, a AmBev mostra um desempenho melhor na comparação entre o segundo trimestre deste ano e o mesmo período de 2004. O lucro consolidado cresceu 15,1% (de R$265,1 milhões para R$305,2 milhões) e as receitas líquidas, 69,8% (para R$3,704 bilhões).

Venda aumenta apesar de reajuste de preços

Indicador da geração de caixa de uma companhia, o Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) quase dobrou de um ano para o outro, a partir da inclusão da Labbat, somando R$1,418 bilhão em junho.

A companhia atribuiu esses números principalmente ao aumento de 14,3% no volume de vendas de cerveja, acima da média de 9,6% do resto do mercado. Isso aconteceu apesar de a AmBev ter aumentado em 5% o preço de seus produtos em dezembro. Mais recentemente, ela aplicou um reajuste de 6% ao preço do chope, que tem no Rio seu principal mercado. Para os próximos meses, a AmBev elevou de 5% para 6% a projeção de aumento da venda de cervejas até dezembro.

A divulgação do balanço coincidiu com a conclusão de novo estudo da A.Nielsen sobre o mercado de cervejas no país. A participação da AmBev passou de 67,9% em junho para 68,1% em julho, consolidando sua liderança no setor.