Título: INEPAC PROÍBE DEMOLIÇÃO DE FAZENDA DO CICLO DO CAFÉ
Autor: Ronaldo Braga
Fonte: O Globo, 27/10/2004, Rio, p. 20

Propriedade em Valença faz parte de inventário histórico

O Instituto Estadual de Patrimônio Cultural (Inepac) determinou ontem que fosse suspensa a demolição da Fazenda Campo Alegre, em Valença, no Sul Fluminense, que começou a ser derrubada no fim de semana sem autorização do órgão. A madeira e as telhas do sítio histórico, construído em 1812 e um dos mais importantes símbolos do primeiro ciclo do café, seriam vendidas pelo proprietário Augusto Marães. Também ontem, o Inepac denunciou a demolição ao Ministério Público. A Campo Alegre teve o maior terreiro de secagem de café do Brasil.

Segundo Branca Figueiredo, titular da Secretaria do Patrimônio Histórico de Valença, a fazenda está inventariada pelo Inepac, o que impedia a demolição. O órgão, em parceria com a prefeitura, poderá refazer a parte do casarão derrubada, porque o material não chegou a ser retirado. O Inepac e a secretaria vinham tentando recuperar a antiga capela, ao lado do casarão, que tem o interior em gesso e adornos de ouro.

¿ Ficamos sabendo do desmonte no fim de semana. A demolição estava bem adiantada e não nos comunicaram nada ¿ afirmou Branca.

Fazenda faz parte de inventário do ciclo do café

A Fazenda Campo Alegre foi comprada há mais de cem anos por quatro irmãos da família Oliveira Castro, e anexada às fazendas Chacrinha, Santa Tereza e Vista Alegre. A família reformou o antigo engenho da Campo Belo, passando a morar nele e abandonando o casarão principal, que foi uma das mais sofisticadas propriedades do país entre os anos 1850 e 1890. Os quatro herdeiros do imóvel foram comunicados que toda a área estava tombada pelo Inepac.

O presidente do Inepac, Marcus Monteiro, informou que a fazenda, a pedido da Unesco e do Sebrae, faz parte do inventário Caminhos Singulares, que orientará a preservação do patrimônio alusivo aos ciclos do café, do açúcar, do sal e do ouro no estado. Ele contou que falou com Regina de Oliveira Castro Manhães, uma das proprietárias.

¿ Ela confirmou que venderiam a madeira e não gostou de termos embargado a demolição. As pessoas não têm consciência do valor cultural do lugar ¿ afirmou Monteiro