Título: MEIRELLES REBATE ATAQUES FEITOS AO BC
Autor: Enio Vieira
Fonte: O Globo, 27/10/2004, Economia, p. 30

Executivo defende alta dos juros e diz que é preciso evitar desejos imediatos

BRASÍLIA.O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, chamou ontem de desejos e críticas passionais as declarações contrárias à política monetária da instituição, como o aumento acima do esperado da taxa de juros na semana passada. Segundo ele, os desejos podem gerar simplesmente grandes desastres, caso não haja um trabalho árduo para a criação de uma base para o crescimento de longo prazo. Sob críticas generalizadas de integrantes do governo e empresários, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC aumentou os juros de 16,25% para 16,75% ao ano.

¿ Um banqueiro central precisa de capacidade para manter serenidade e foco no resultado em meio ao que, muitas vezes, são tempestades de críticas passionais que se abatem sobre a instituição ¿ disse o presidente do BC, desqualificando as críticas feitas à instituição nos últimos dias.

Meirelles defendeu a estratégia de alta dos juros durante a transmissão de cargo para o novo diretor de Política Monetária do BC, Rodrigo Azevedo, que substituiu o economista Luiz Augusto Candiota no cargo. O presidente do BC afirmou que as decisões da instituição não podem ser tomadas com objetivos de curto prazo, numa referência a quem defende apenas mais crescimento econômico sem o embasamento técnico necessário:

¿ Aqui não há espaço para improvisação.

No entanto, ele considerou legítimas as cobranças feitas pelo governo e pela sociedade.

¿ O debate é legítimo. Mas devemos olhar para frente. E não nos deixarmos levar por desejos imediatos.

Perguntado sobre as críticas da economista Maria da Conceição Tavares feitas segunda-feira em um seminário no Rio, Meirelles desconversou. Conceição disse que os diretores do BC são ruins e só estariam na instituição para se tornarem banqueiros e milionários ao voltar para a iniciativa privada.

¿ Eu não li ¿ disse.