Título: Extorsão: Câmara pede provas contra deputado
Autor: Adriana Vasconcelos, Adauri Antunes Barbosa e Evan
Fonte: O Globo, 28/10/2004, Rio, p. 16

A Câmara dos Deputados decidiu dar um prazo de cinco sessões para que o deputado André Luiz (PMDB-RJ) se defenda da denúncia de que estaria envolvido num esquema de cobrança de propina para aliviar a situação do empresário Carlinhos Cachoeira na CPI da Loterj na Assembléia Legislativa do Rio. Ontem, na primeira sessão da comissão designada para investigar o caso, foi aprovado um requerimento solicitando à revista ¿Veja¿ uma cópia da fita gravada por emissários de Carlinhos Cachoeira durante conversas com André Luiz.

Em um trecho das gravações, segundo a revista, André Luiz explica como faria para subornar 40 deputados, dando R$ 100 mil a cada um deles para retirar o nome de Cachoeira do relatório final da CPI.

¿ Nossa idéia é degravar a fita e mandá-la para perícia ¿ adiantou o corregedor da Câmara, deputado Luiz Piauhylino (PTB-PE), que coordena a sindicância.

A comissão também solicitou à Alerj uma cópia do relatório aprovado anteontem. Piauhylino acredita que a sindicância possa ser concluída dentro do prazo de 20 sessões definido inicialmente.

Também ontem, deputados estaduais entregaram uma cópia do relatório final ao Ministério Público estadual. O procurador-geral de Justiça em exercício, Celso Fernando Barros, disse que vai analisar o documento antes de distribuí-lo a um promotor. O MP vai decidir se há elementos suficientes na investigação para denunciar Carlinhos Cachoeira e Waldomiro Diniz à Justiça. O procurador, no entanto, não deu prazo para a conclusão do trabalho. E disse, que, por ora, as denúncias de extorsão não serão analisadas.

Deputado sofre acidente de carro em São Paulo

André Luiz viajou anteontem para São Paulo, segundo ele, em busca de uma prova de sua inocência. No retorno a Brasília, à tarde, ele sofreu um acidente. O deputado disse que o Santana em que estava foi atingido intencionalmente por um caminhão, que teria fechado seu carro, jogando-o contra o canteiro central da Rodovia Anhangüera. Ele viajava com o motorista e um assessor e sofreu um corte profundo no supercílio esquerdo.

¿ Não tenho dúvida que foi algo intencional ¿ disse.

Sobre as denúncias, André Luiz disse que aguarda a apresentação das provas por parte de quem o acusou.

¿ Não tenho mais nada a fazer. Só me defender ¿ disse o deputado.

O parlamentar afirmou ontem que considera natural a abertura de processo na Comissão de Ética na Câmara e reafirmou que não vai renunciar ao mandato. Mas, em sua avaliação, as denúncias são uma forma de macular o ¿trabalho brilhante¿ da CPI da Assembléia Legislativa. André Luiz não conversou, até agora, nem com o líder do PMDB na Câmara, José Borba, nem com o presidente de seu partido, Michel Temer.

¿ Mas eles ligaram para o meu gabinete para saber como estou passando após o acidente ¿ disse.