Título: PAÍS PODE PERDER ESPAÇO NO COMÉRCIO GLOBAL
Autor: Luciana Rodrigues/Ênio Vieira/Vagner Ricardo
Fonte: O Globo, 12/08/2005, Economia, p. 31

Funcex estima que, em 2006, avanço da quantidade exportada será menor

A queda do dólar nos últimos meses - em que pese a forte alta de ontem, a cotação da moeda americana fechou ainda perto de R$2,30 - pode levar o Brasil a perder espaço no comércio mundial em 2006. E este ano, o país conseguirá apenas manter a sua participação nas exportações globais, segundo estimativas da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex). Ao contrário do que ocorreu em 2004, quando o volume de vendas brasileiras cresceu 18% e o comércio mundial teve uma expansão de metade disso (9%), este ano as exportações do Brasil, em quantidade, devem aumentar entre 9% e 10%, avanço exatamente igual ao projetado pela Funcex para o total mundial.

Assim, o país deve manter em 2005 sua pequena fatia do comércio global, que em 2004 foi de 1,08%, pelos dados do Ministério do Desenvolvimento.

- No ano que vem, porém, nossas exportações em quantum (quantidade) devem crescer menos do que a média global - afirma Fernando Ribeiro, da Funcex.

Ele explica que o saldo comercial brasileiro vem crescendo porque o aumento nos preços dos produtos vendidos pelo país tem compensado o avanço mais lento na quantia exportada. Nos manufaturados, os preços subiram 10% nos últimos meses. Além disso, as importações estão avançando pouco, como reflexo do menor crescimento econômico do país. O paradoxo é que o vigor das contas externas brasileiras - entre janeiro e julho, entraram no país US$24,68 bilhões graças ao comércio - derruba a cotação do dólar.

- E o Banco Central, a rigor, não tem muito o que fazer. Há um excesso de oferta de dólar pelo lado comercial e um diferencial de juros (diferença entre a taxa brasileira, de 19,75% ao ano, e a de outros países) muito forte, então a tendência é de valorização do real - reconhece Ribeiro. (Luciana Rodrigues)