Título: PREÇO DO PETRÓLEO BATE NOVO RECORDE LÁ FORA
Autor: Luciana Rodrigues/Ênio Vieira/Vagner Ricardo
Fonte: O Globo, 12/08/2005, Economia, p. 31

Cotação em Nova York chega a US$66 o barril. Em Londres, o Brent subiu 2,2%

NOVA YORK. Os preços do petróleo voltaram ontem a alcançar novos patamares históricos, diante do nervosismo dos operadores com respeito ao risco de desabastecimento. A principal pressão, segundo os mercados, vem dos limites das refinarias americanas, que estão operando em sua capacidade máxima para atender à crescente demanda.

Na Bolsa Internacional de Petróleo, em Londres, o preço do barril do tipo Brent (referência) subiu 2,2%, para US$65, depois de ter quebrado o recorde histórico desse tipo de petróleo ao ser negociado a US$65,66. Já na Bolsa Mercantil de Nova York, o barril do tipo leve americano também superou seu nível histórico, ao ser cotado a US$66 pela primeira vez. No fim da sessão, o leve americano fechou a US$65,80, uma alta de 1,4%.

"A presença de fatores de risco significativos, particularmente em relação à limitada capacidade de operação das refinarias americanas; as tensões internacionais com o Irã; e a temporada de furacões no Atlântico continuam pressionando os preços", aponta um relatório do banco de investimentos Barclays Capital.

Snow: é hora de considerar uso das reservas estratégicas

Por outro lado, o secretário do Tesouro dos EUA, John Snow, disse que foi posta sobre a mesa a questão sobre se é ou não necessário fazer uso das reservas estratégicas de petróleo do país para aliviar as pressões sobre os preços do petróleo.

- Definitivamente, isso deve ser colocado sobre a mesa em circunstâncias como as que estamos enfrentando atualmente - disse Snow, numa entrevista oferecida à cadeia de TV CNBC.

Em Viena, a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) aprovou uma resolução em que cobra do Irã a suspensão de todas as atividades nucleares do país, afirmou um diplomata europeu. O Irã, segundo maior produtor de petróleo do mundo, é acusado de não cumprir as resoluções da ONU em relação a sua política nuclear e deve sofrer sanções do Conselho de Segurança do órgão.

Mas o maior fator de pressão no mercado são os problemas nas refinarias americanas, que reduziram seus estoques de gasolina para atender à demanda no auge da temporada de consumo. A BP chegou a fechar vários setores de sua refinaria instalada em Texas City (no estado do Texas), por risco de acidentes. A refinaria da ConocoPhillips em Wood Rivers (no Wyoming) sofreu um problema de energia, que obrigou a empresa a fechar algumas unidades.

Essas notícias se somaram ao informe divulgado pelo governo americano na quarta-feira, revelando uma nova queda nos estoques de gasolina, que, agora, estão 3,7% abaixo do nível registrado no mesmo período do ano passado.

Agência prevê aumento de consumo e queda de estoques

Por fim, a IEA, que assessora 26 países industrializados em temas energéticos, também elevou sua previsão sobre a demanda internacional de petróleo para este ano e o próximo. Ao mesmo tempo, revisou para baixo sua previsão de crescimento dos estoques dos países que não são membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) em 205 mil barris diários, devido a problemas de produção.