Título: CONSUMIDOR JÁ POUPOU R$ 2,7 BI COM GENÉRICOS
Autor: Fabiana Ribeiro
Fonte: O Globo, 12/08/2005, Economia, p. 33

Economia foi feita em 5 anos. Venda cresceu 21% no semestre, enquanto setor farmacêutico ficou estagnado

O brasileiro está consumindo mais medicamentos genéricos, que no primeiro semestre deste ano tiveram aumento de 21% no número de unidades vendidas, enquanto a indústria farmacêutica ficou praticamente estagnada. A Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (Pró Genéricos) calcula que, nos últimos cinco anos, os consumidores economizaram cerca de R$2,7 bilhões ao optar por esses medicamentos.

De janeiro a junho, foram vendidas 70,6 milhões de unidades de genéricos. O setor farmacêutico comercializou 659 milhões de unidades, contra 658,3 milhões no mesmo período do ano passado, um crescimento de apenas 0,1%. Os números são do IMS Health, instituto responsável pela auditoria do mercado farmacêutico no país.

Ainda que o faturamento da indústria farmacêutica apresente números mais expressivos - passou de US$2,795 bilhões nos seis primeiros meses de 2004 para US$3,511 de janeiro a junho de 2005, aumento conseguido por causa do reajuste de preços - o setor de genéricos já conseguiu movimentar US$300,6 milhões, contra US$204 milhões no mesmo período de 2004. Trata-se de um crescimento de 47%.

- Esse salto se dá porque os genéricos são uma opção de tratamento mais barata e que também se mostrou eficaz para a população - diz Vera Valente, diretora-executiva da Pró Genéricos.

Claudinéia Oliveira já notou a diferença no bolso.

- Se tem genérico na farmácia, eu descarto o remédio de marca - afirma a consumidora, que gasta cerca de cem reais por mês com medicamentos. - As farmácias, no entanto, não têm o hábito de oferecê-los ao cliente. Tenho sempre que pedir. Vale a pena: seus preços são mais baixos.

Não é apenas o preço, até 70% mais baixo, que ajudou a indústria de medicamentos genéricos a movimentar essas cifras, lembrou Paulo Santarosa, gerente de medicamentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa):

- Aumentou a confiança do profissional de saúde que prescreve o medicamento e do consumidor na hora de comprar o produto. Por isso, ainda há um enorme potencial de crescimento para esse setor.

Baseada nos resultados do primeiro semestre, a Pró Genéricos projeta um crescimento de 40% em valor e 20% em unidades este ano. Isso pode ser possível graças ao lançamento de novos medicamentos. O Grupo Cimed, por exemplo, lança na semana que vem seus 12 primeiros genéricos. E, em 2006, serão outros 40 produtos:

- Enquanto a indústria cresceu em torno de 21% em 2004 (em receita), os genéricos cresciam 42%. Percebemos que há mercado e, por isso, esperamos que já neste ano os genéricos representem 10% do faturamento da empresa - disse João Adibe, diretor do Grupo Cimed.

Vencimento de patentes vai estimular mercado em 2006

Uma da líderes em genéricos, a Medley também lançará, até o fim do ano, cerca de 15 novos medicamentos. Para Jairo Yamamoto, presidente da empresa, o crescimento do setor trará vantagens para o consumidor:

- Os genéricos representam concorrência para os remédios de marca. Com isso, há benefícios no preço.

Em 2006, lembra Vera, vence a validade de algumas patentes, o que possibilitará o surgimento de novos genéricos.

- A Anvisa também discute regras para genéricos de hormônios, como anticoncepcionais. E, quando isso estiver pronto, será ótimo para o consumidor - disse Santarosa.

Legenda da foto: CLAUDINÉIA OLIVEIRA já percebeu que faz economia ao optar pelo genérico: "Se tem genérico na farmácia, eu descarto o remédio de marca"