Título: Grupo do governo trabalha para solucionar entraves do setor
Autor: Mônica Tavares
Fonte: O Globo, 28/10/2004, Economia, p. 23

A solução para o saneamento da Brasil Ferrovias surgiu depois de estudos feitos pelo grupo de trabalho liderado pela Casa Civil para revitalizar o setor. Trata-se do único grupo ferroviário no país que ainda está com patrimônio negativo.

Até 2001, todas as concessionárias estavam com problemas financeiros. Para o Ministério dos Transportes, se o quadro da Brasil Ferrovias não fosse resolvido, poderia ser criado um gargalo de logística para o país. A idéia é permitir que a ferrovia volte a investir.

Outra prioridade para o governo no setor de ferrovias é a construção da Transnordestina. O objetivo é escoar a produção pelos portos de Suape (PE), Pecém (CE) e Itaqui (MA). Para construir a Transnordestina, seriam necessários investimentos de R$ 5 bilhões.

Investimentos na ferrovia Norte/Sul também estão sendo analisados pelo grupo de trabalho do governo. Estão destinados no Orçamento do próximo ano R$ 300 milhões para as obras na ferrovia. O objetivo é integrar rodovias, ferrovias e hidrovias.

O primeiro passo será construir a ferrovia de Anápolis (GO) até o Pátio de Santa Isabel, no município de Goianésia (GO), com um total de 170 quilômetros. Dessa forma, a carga transportada chegaria à rodovia BR-153, no Norte do país, e de lá seguiria em caminhões até Araguaína (TO). O outro trecho da ferrovia que deverá ser construído vai de Araguaína até o porto de Itaqui. Os investimentos para essas obras estão estimados entre R$ 700 milhões e R$ 800 milhões.

No primeiro semestre deste ano, as 11 concessionárias de ferrovias do país investiram R$ 813 milhões, o que representa 76% do total gasto em 2003. Os investimentos de 2004 deverão chegar à casa dos R$ 2 bilhões. Já houve um acréscimo de investimentos no ano passado em relação a 2002, de 48%. O total investido em 2003 foi de R$ 1,092 bilhão, contra R$ 737 milhões no ano anterior.

O governo também discute com a Companhia Vale do Rio Doce a melhoria da ferrovia que liga Belo Horizonte a Vitória. Duas obras são consideradas importantes: uma no entorno de Belo Horizonte, com custo estimado em R$ 80 milhões, e outra para solucionar de vez o tráfego na Serra do Tigre (em Minas e no Espírito Santo), que deverá exigir investimentos de R$ 800 milhões. A proposta em estudo é que a dívida da Vale com a Rede Ferroviária Federal (RFFSA), de cerca de R$ 400 milhões, seja usada para esses investimentos. A discussão com a Vale é justamente em relação ao valor da dívida.