Título: DOLEIRO PRESO PODE TER AJUDADO DUDA
Autor: Adriana Vasconcelos/Jaílton de Carvalho
Fonte: O Globo, 13/08/2005, O País, p. 14

Haroldo Bicalho foi apanhado na Operação Farol da Colina

BRASÍLIA. A CPI dos Correios investiga a participação do doleiro Haroldo Bicalho, preso pela Polícia Federal na Operação Farol da Colina, nas remessas de dinheiro para a conta no exterior do publicitário Duda Mendonça, responsável pela campanha do presidente Lula. Bicalho é sócio da presidente do Banco Rural, Katia Rabelo, na RS Empreendimentos e Participações Ltda, pela qual foi remetido dinheiro ao Panamá vindo da 2S Participações Ltda, uma das empresas de Marcos Valério.

A CPI suspeita ainda que Bicalho tenha sido sócio entre 2001 e 2004 também da Trade Link Bank, off shore com sede nas Ilhas Cayman da qual saíram pelo menos 10 depósitos no valor de US$897 mil. A empresa pertencia ao Banco Rural. Integrantes da comissão descobriram que Bicalho foi sócio da dona do Rural e de outros executivos na RS Empreendimentos até 28 de dezembro do ano passado.

A saída de Bicalho da sociedade, entretanto, segundo documentos obtidos pela comissão, só foi registrada no dia oito de abril de 2005. A RS teria recebido parte de uma transferência de R$3,1 milhões feita da 2S Participações para a corretora de valores Bônus Banval e teria remetido o dinheiro para a RS Administração e Construções Ltda, uma empresa que fica no Panamá.

Segundo o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), sub-relator para movimentações financeiras da CPI, a comissão vai investigar também as transferências feitas pela SMP&B para três empresas By Brasil Trading Ltda, Athenas Trading e Guaranhuns Empreendimentos Ltda. As duas últimas receberam, respectivamente, R$1,967 milhão e R$5,708 milhão da agência de Valério e remeteram o dinheiro para o Uruguaia.

No primeiro caso, segundo a CPI, a transação foi feita entre a Athenas e a Leagger S/A, que tem como procurador Wladimir Santos, também sócio da Athenas. No segundo, o dinheiro foi enviado para a Esfort Trading S/A, detentora de 99% das ações da Guaranhuns.

- Temos de saber se há conexão entre o dinheiro que saiu da SMP&B por intermédio das off shores e precisamos saber quem abasteceu as contas dos bancos que fizeram transferências para a Dusseldorf - explicou Fruet.