Título: CENTRO DO RIO TAMBÉM COBRE CESAR DE RAZÃO
Autor: Érika de Castro
Fonte: O Globo, 13/08/2005, Rio, p. 23

Pichações, buracos e sujeira mostram que prefeito estava certo ao admitir que a cidade está malconservada

Tradicionais pontos do Centro do Rio, a Lapa, o Passeio e a Praça Quinze não retratam apenas a história da cidade. Os locais são outros exemplos de que o prefeito Cesar Maia tinha mesmo razão ao afirmar na quarta-feira que a conservação da cidade é o ponto fraco de sua administração. Buracos nas calçadas, falta de tampa de bueiros e pichações são os principais problemas.

Na Rua do Passeio, em frente à Escola de Música da UFRJ, fradinhos quebrados contrastam com a bela arquitetura antiga do prédio. Os pedestres reclamam do abandono.

- Quem passa por aqui todos os dias já até sabe onde estão os buracos - afirmou a vendedora Patricia Sá.

Lapa brilha à noite e assusta de dia

A poucos metros dali, no Largo da Lapa, a revitalização da noite não foi suficiente para melhorar o que se vê durante o dia. Boa parte dos bueiros está sem tampa, há muitos buracos no largo e faltam pedras portuguesas. O lixo acumulado é outro problema.

- A noite da Lapa foi revitalizada, mas quem passa aqui de dia consegue ver com clareza todos os problemas. É preciso andar olhando para o chão para não cair nos buracos - disse o professor Luiz Cláudio Pires.

Ontem, dois dias após ter avaliado a conservação da cidade durante sua gestão, Cesar Maia disse, por e-mail, que os problemas ocorrem porque em início do governo os recursos não estão ainda" adequadamente alocados".

"O programa de médio e longo prazo de investimentos só é definido com o orçamento do segundo ano, ou seja, em setembro de 2005. Estimo que em breve estará tudo normalizado", escreveu o prefeito.

Na Praça Quinze, os buracos, as pichações em estátuas e as placas de ônibus danificadas denunciam a má conservação. Os mobiliários urbanos, como bancos e placas de sinalização, estão enferrujados.

As calçadas da Rua Uruguaiana, um dos principais pontos comerciais da cidade, estão malconservadas. Além de dividir espaço com camelôs e artistas de rua, os pedestres precisam desviar das centenas de buracos. Há muitos cartazes colados em postes e pichações.

A Secretaria municipal de Obras diz que nada pode fazer em relação às calçadas. Pela legislação, segundo o órgão, a conservação é de responsabilidade dos proprietários, que são intimados pela Coordenadoria Geral de Conservação a realizar o conserto. Sem informar prazos, a prefeitura informou que vai intensificar a fiscalização.

As concessionárias de serviços públicos, segundo a prefeitura, são as vilãs das calçadas. Desde janeiro foram emitidas 711 notificações e 1.219 multas às concessionárias por descumprimento da legislação. Pela Lei municipal 146/79, é de responsabilidade das concessionárias a realização dos reparos nas ruas e calçadas após o conserto.

Legenda da foto: PICHAÇÕES sujam e enfeiam a estátua na Praça dos Expedicionários