Título: TEMOR DE DESABASTECIMENTO FAZ PREÇO DO PETRÓLEO SUPERAR RECORDE HISTÓRICO
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Fonte: O Globo, 13/08/2005, Economia, p. 34

Capacidade limitada de refino assusta mercado e barril vai a US$ 67,10

NOVA YORK e RIO. Os preços do petróleo alcançaram mais uma vez novos patamares históricos, dessa vez com o barril saltando acima de US$67 em Nova York. As razões do aumento também permaneceram as mesmas: os investidores continuam preocupados com a capacidade mundial de produzir e refinar a commodity.

O preço do petróleo do tipo leve americano subiu 1,6%, para US$66,86 o barril. Durante a sessão, no entanto, chegou a ser negociado a US$67,10, o maior nível já registrado desde que esse tipo de petróleo começou a ser cotado na Bolsa Mercantil de Nova York, em 1983. No ano, o preço do barril do tipo leve americano já subiu 51%, dos quais 7% na última semana. Em Londres, o barril do tipo Brent (referência) também bateu recorde, fechando a US$66,45, uma alta de 1,6% em relação à véspera.

Preço alto não desestimula consumo de combustíveis

Para os analistas, os preços devem continuar subindo, uma vez que o crescimento da demanda mundial não está diminuindo, como se esperava. Numa análise anterior, especialistas do setor haviam previsto que, com os preços acima de US$60, o consumo da commodity iria começar a cair. No entanto, não há sinais ainda de que esse patamar de preços tenha afetado a economia dos EUA, o maior consumidor mundial de petróleo.

- Teremos um panorama de fortes altas enquanto a demanda não tirar o pé do acelerador ou se realizarem investimentos destinados a aumentar a capacidade de produção e refino - disse Michael Wittner, chefe de pesquisas no setor energético do banco de investimentos Calyon.

Os problemas de fornecimento foram realçados na quinta-feira, depois que a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) reduziu sua estimativa de crescimento da produção de petróleo nas nações não pertencentes à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). A informação reforça o papel do cartel como a entidade responsável pela cobertura da escassez de petróleo.

Mas o problema principal no momento, na visão de operadores, é a limitada capacidade de produção e refino das refinarias americanas. As empresas estão trabalhando no máximo de sua capacidade, o que tem provocado uma série de acidentes e levado a paralisações de unidades.

Produção no Brasil cresceu 12% no semestre

No Brasil, a situação mantém-se sob controle. De janeiro a julho deste ano, a produção de petróleo e gás natural atingiu a média de 1,65 milhão de barris por dia, 12,06% superior a igual período do ano passado, quando foi extraído 1,47 milhão de barris diários.

Já a produção de julho deste ano foi de 1,74 milhão de barris por dia, representando um incremento de 14,9% em relação a igual mês do ano passado. Mas em comparação ao mês anterior o volume extraído em julho foi 0,4% menor, devido à parada de alguns poços em campos produtores para manutenção.

O aumento significativo da produção de petróleo este ano se deve à entrada em operação das plataformas P-43 e P-48. Até o fim do ano a empresa espera atingir uma produção média de 1,8 milhão de barris com a entrada em operação de novos sistemas, como a P-50.

Legenda da foto: REFINARIA DA Shell no Texas: as empresas estão operando no máximo da capacidade para suprir a demanda