Título: Empresários articulam frente contra Argentina
Autor: Janaína Figueiredo e Helena Celestino
Fonte: O Globo, 28/10/2004, Economia, p. 25

Por iniciativa da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), representantes dos setores de eletrodomésticos, calçados, têxteis e automóveis vão se reunir amanhã na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) para traçar uma estratégia comum de defesa dos interesses do setor privado brasileiro e redobrar as pressões sobre o governo Lula em relação aos conflitos comerciais com a Argentina.

Os empresários brasileiros temem que a ofensiva protecionista argentina, que já atingiu os fabricantes de máquinas de lavar, televisores e geladeiras, prejudique outros setores.

Ontem, representantes da Eletros e do Ministério do Desenvolvimento participaram de uma audiência pública no Ministério da Economia da Argentina, para discutir a sobretaxa de 21,5% aplicada em julho passado pelo governo Kirchner às importações de televisores fabricados na Zona Franca de Manaus.

¿ O empresariado brasileiro gostaria de ter por parte de seu governo o mesmo apoio que o empresariado argentino tem do governo Kirchner ¿ disse o presidente da Eletros, Paulo Saab.

Segundo dados apresentados pela Eletros ontem na audiência em Buenos Aires, não foi provado o dano provocado pelas importações brasileiras aos fabricantes argentinos de TV. Em 2003 foram vendidos 53.296 televisores ao mercado argentino, abaixo das 86.370 unidades importadas em 2001.

A iniciativa dos empresários brasileiros foi respaldada pela Câmara de Importadores da Argentina (Cira) e até mesmo pela Câmara de Comércio da Argentina. Mas a Associação de Fábricas Argentinas de Terminais Eletrônicos (Afarte) disse que o Brasil pretende ocupar o mercado vizinho.

Em Nova York, o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, mandou um recado para os industriais argentinos:

¿ Nosso desejo seria que os empresários argentinos investissem nos seus negócios em vez de gastar sua energia pressionando o governo a tomar atitudes que vão contra os princípios do Mercosul.

O ministro disse que ainda é cedo para o Brasil recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC).