Título: Vôos do Rio deverão ter escalas nos aeroportos de Campinas e Guarulhos
Autor: Geraldo Doca
Fonte: O Globo, 14/08/2005, Economia, p. 27-28

Com a sobrecarga em Congonhas, DAC negocia transferência de rotas

BRASÍLIA. O passageiro que sair do Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim (Galeão), no Rio, para vôos de longa distância não fará mais escalas em Congonhas, o aeroporto cravado na Zona Sul de São Paulo. A próxima parada poderá ser Guarulhos ou mesmo Viracopos (Campinas), que fica a 90 quilômetros da capital. Para resolver o problema de Congonhas ¿ que atingiu o limite da capacidade ¿ a Infraero decidiu transferir boa parte dos vôos a outros aeroportos. A medida está sendo discutida pelo Departamento de Aviação Civil (DAC) com empresas aéreas e deve entrar em vigor este ano.

Pela proposta, todos os vôos domésticos com múltiplas escalas serão transferidos para Guarulhos. Os de longa distância e sem escalas serão direcionados para Campinas. Só vôos de curta duração, de uma hora e meia no máximo, serão operados em Congonhas. Os passageiros da ponte aérea (Rio-SP) não serão prejudicados.

Obras de expansão precisam de mais R$1 bilhão

A decisão encontra forte resistência das companhias, que querem manter a maioria dos seus pousos no aeroporto, localizado na Zona Sul de São Paulo. A BRA, por exemplo, quer autorização para trazer vôos de Guarulhos para Congonhas.

Segundo a Infraero, Congonhas não tem mais para onde crescer e ainda terá de encolher para dar conta do movimento. As obras inauguradas em agosto de 2004, que incluíram a construção de pontes de embarque, já absorveram todo o excedente de passageiros.

Além da saturação nos principais aeroportos do país, outros como os de Vitória, Goiânia e Cuiabá enfrentam vários problemas de infra-estrutura. No de Vitória, por exemplo, aeroporto importante do ponto de vista do comércio exterior, existe apenas uma pista de pouso, que não suporta aviões cargueiros.

¿ Cerca de três mil toneladas por mês deixam de ser transportadas porque os aviões precisam decolar com menos combustível e fazer escalas para abastecer ¿ disse o Superintendente de Logística de Carga, Luiz Gustavo Schild.

As obras em Vitória, no entanto, estão em ritmo lento e correm o risco de não terminar dentro do cronograma, em 2008. O mesmo acontece com Goiânia. A Infraero, responsável por 66 aeroportos do país, enfrenta problemas de caixa e busca uma capitalização do Tesouro Nacional da ordem de R$400 milhões, além de receitas extras com o aumento das tarifas aeroportuárias. A empresa, segundo estimativas, precisará de R$1 bilhão até 2010 para dar continuidade a todas as obras de expansão nos aeroportos.

O esvaziamento dos aeroportos centrais começou em agosto de 2004 no Santos Dumont, no Rio, que ficou com apenas vôos regionais e da Ponte Aérea. Com a medida, o movimento no Santos Dumont caiu de 2,7 milhões no primeiro semestre de 2004 para 1,6 milhão este ano. Já no Galeão, subiu 67,69%, de 2,4 milhões nos primeiros seis meses do ano passado para 4,1 milhões em 2005.