Título: CNBB LANÇA CAMPANHA CONTRA VENDA DE ARMAS
Autor: Adauri Antunes Barbosa
Fonte: O Globo, 16/08/2005, O País, p. 11

Manifesto que será divulgado em sete mil paróquias apóia o sim no referendo do desarmamento

INDAIATUBA (SP). A 43ª Assembléia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) declarou ontem o apoio da entidade ao "sim" no referendo sobre a proibição do comércio de armas de fogo e munição. A posição da CNBB no referendo de 23 de outubro foi divulgada no manifesto "Diga sim à vida", aprovado com apenas dois votos contrários pelos cerca de 300 bispos que participam da assembléia em Itaici, no município de Indaiatuba (SP).

"Como bispos da Igreja Católica e cidadãos, posicionamo-nos a favor da proibição do comércio de armas de fogo e munição. Conclamamos os cristãos e todas as pessoas de boa vontade a votar sim neste referendo", diz o documento.

Bispos também pedem melhoria na segurança

Os bispos condenam ainda todo tipo de violência e pedem melhorias na segurança pública. "Proibir o comércio e o uso de armas é um passo decisivo mas não suficiente. Somos contrários a todo e qualquer tipo de violência. Além da melhoria da segurança pública, é indispensável educar para a paz e a defesa da vida, através de práticas de não-violência ativa", afirma.

Presidente da comissão que elaborou a nota, dom Itamar Vian, arcebispo de Feira de Santana (BA), disse que o objetivo da Igreja é envolver todas as paróquias e dioceses na campanha pelo sim:

- A Igreja vai participar ativamente, envolvendo mais de sete mil paróquias. Queremos que todos assumam essa campanha como se sua própria vida dependesse dela. Quem não colaborar pode ser a próxima vítima. Queremos desenvolver uma campanha nas escolas, nos colégios, nos meios de comunicação, para que se deixe de lado essa cultura de morte e se construa uma cultura de paz.

Brasileiros devem exigir fim da impunidade, diz bispo

O desarmamento, segundo dom Itamar, faz parte de um contexto em que os brasileiros devem exigir mais segurança e o fim da impunidade.

- O primeiro passo é o desarmamento. Mas não é suficiente. A Igreja quer convocar a população para que exija muito mais da segurança pública. Nosso país está muito desprovido de segurança. E devemos avançar mais na questão da impunidade. Não existe paz sem justiça e no nosso país não existe ainda justiça. Precisamos trabalhar intensamente para que desapareça a impunidade - disse ele.

O deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), da Frente Parlamentar Brasil Sem Armas, que esteve ontem em Itaici, recebeu uma cópia do texto.

- É muito importante e significativo o apoio da CNBB. O que pode ser feito é a conscientização. A partir desta nota, todos as pessoas enraizadas na Igreja passarão a ser militantes pelo sim - disse Greenhalgh, que foi relator do projeto do Estatuto do Desarmamento.