Título: Trevisan também vai dar consultoria ao PT
Autor: Adauri Antunes Barbosa/Flávio Freire/Soraya Aggege
Fonte: O Globo, 16/08/2005, O País, p. 8

Empresa intermediou o negócio de R$5 milhões entre a Telemar e a firma do filho do presidente Lula

SÃO PAULO. A direção nacional do PT vai seguir a orientação da empresa de consultoria Trevisan Associados para tentar sair do buraco negro deixado em sua contabilidade pelo ex-tesoureiro Delúbio Soares. Os ajustes de procedimentos montados para o PT foram entregues pela Trevisan ao presidente do partido, Tarso Genro, na semana passada. A Trevisan é a mesma empresa que conseguiu o aporte de R$5 milhões da Telemar para a Gamecorp, empresa que tem como sócio, Fábio Luís Lula da Silva, filho do presidente Lula. A consultoria tem em seu comando Antoninho Marmo Trevisan, amigo do presidente e do vice, José Alencar.

- Nosso contrato com a Trevisan derivou de uma relação muito boa que o PT tem com o trabalho do Trevisan. Temos total confiança no trabalho dele - disse o secretário-geral do PT, deputado Ricardo Berzoini.

A Trevisan não informou o valor do contrato, alegando sigilo.

- Eles (os consultores da Trevisan) entrevistaram funcionários e analisaram procedimentos antes de fazerem um diagnóstico - disse Berzoini.

Trevisan teve crescimento de 30% ano passado

A Trevisan também teria aumentado o número de seus contratos depois da vitória do PT. Em 2004, a Trevisan cresceu cerca de 30% e teve um faturamento de R$100 milhões. A Trevisan informa que o faturamento da empresa na área de auditoria cresceu 14% em 2001, 21% em 2002, 28% em 2003, 26% em 2004 e 15% neste ano. Na área de consultoria o faturamento foi de 62% em 2001, 100% em 2002; 64% em 2003; 48% em 2004 e de 31% em 2005.

Antoninho Marmo Trevisan ajudou a escrever o programa de governo de Lula. Hoje é o principal executivo da ONG Fome Zero, que tem a primeira-dama, Marisa Letícia Lula da Silva, como presidente de honra.

A Trevisan aprofundou sua relação com os fundos de pensão em 2003, no governo Lula, segundo declarou o economista-chefe da empresa, Luiz Guilherme Piva, ao jornal interno da Trevisan, este ano. "A relação é antiga, mas se aprofundou a partir de 2003, quando começaram a ser discutidos estudos que nós poderíamos oferecer pela empresa aos gestores dos fundos, sobretudo no tocante às PPPs", declarou.

Segundo Piva, o próprio Trevisan foi o interlocutor da empresa junto aos fundos de pensão para investimentos em PPPs. Berzoini disse que essas relações da Trevisan com os fundos não influenciaram na decisão de contratar a consultoria.

- Em hipótese alguma existe essa relação - disse Berzoini.

COLABORARAM Adauri Antunes Barbosa e Flávio Frei