Título: AGROINDÚSTRIA PREVÊ PIB 8,9% MENOR
Autor: Eliane Oliveira/Aguinaldo Novo
Fonte: O Globo, 16/08/2005, Economia, p. 23

Queda da renda do agricultor brasileiro é principal razão do recuo, diz CNA

BRASÍLIA e SÃO PAULO. A Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) anunciou ontem que o Produto Interno Bruto (PIB) do setor deverá ter uma queda de R$14,3 bilhões este ano, frente a 2004. Ao divulgar uma pesquisa feita com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da USP, considerando dados coletados até maio de 2005, a CNA informou que o PIB agropecuário será de R$146,42 bilhões, o que representa uma redução de 8,9% em relação ao ano passado. A principal razão, destacou a entidade, é a queda da renda do agricultor brasileiro.

O chefe do Departamento Econômico da CNA, Getúlio Pernambuco, disse que, no caso do PIB do agronegócio - que inclui insumos, indústria e distribuição - o valor previsto para 2005 será de R$532,13 bilhões, contra R$533,98 bilhões em 2004. Ele afirmou que o governo está demorando a divulgar o novo plano de safra e alertou para o risco de a próxima colheita de grãos, que este ano chegou a 112,3 milhões de toneladas, ficar abaixo de 100 milhões de toneladas.

Balança comercial tem superávit de US$840 milhões

O secretário substituto de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Edilson Guimarães, reconheceu que há perda de renda dos produtores, devido aos vários problemas enfrentados pelo setor, mas não concorda, por exemplo, que a safra ficará abaixo de cem milhões de toneladas no ano que vem:

- Estamos atravessando uma crise, mas não acreditamos que a perspectiva seja tão ruim assim - disse.

Ele disse que o plano de safra já foi anunciado, estando disponíveis R$44,3 bilhões, contra R$39,450 bilhões, no ano passado.

Ontem, o Ministério da Agricultura disse que destinou R$20 milhões para compra direta de arroz dos produtores do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, afetados pela seca no início do ano e pela concorrência com produtores da Argentina e do Uruguai.

Já o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, fez ontem um apelo aos empresários para que não se deixem influenciar pelo "bombardeio diário" de notícias sobre a crise política e mantenham a confiança na economia do país. Furlan justificou o otimismo com base em dados sobre a balança comercial e o fluxo de investimentos estrangeiros para o Brasil.

- É importante que não haja um vínculo emocional entre o momento político delicado e as decisões racionais que as empresas têm de adotar, porque a turbulência seguramente vai passar - disse Furlan, em almoço na Federação do Comércio de São Paulo, lembrando que a percepção no mercado financeiro já seria de tranqüilidade.

A balança comercial teve, na segunda semana de agosto, superávit de US$840 milhões, divulgou ontem o Ministério do Desenvolvimento. As exportações alcançaram US$2,448 bilhões, contra US$1,608 bilhão de importações.