Título: IGP-10 REGISTRA A TERCEIRA DEFLAÇÃO CONSECUTIVA
Autor: Luciana Rodrigues/Ênio Vieira
Fonte: O Globo, 16/08/2005, Economia, p. 21

Taxa de -0,52% em agosto é a menor desde 2003 e reforça expectativa de corte de juros pelo Banco Central

RIO e BRASÍLIA. A inflação medida pelo Índice Geral de Preços 10 (IGP-10) voltou a ficar no terreno negativo em agosto. O índice teve queda de 0,52%, na terceira deflação (ou seja, redução de preços) seguida, informou ontem a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Foi a maior queda mensal entre os índices gerais de preços desde julho de 2003. O IGP-10, que apura a inflação entre os dias 10 de cada mês, já recuou 1,29% desde junho graças, principalmente, à queda do dólar. Mas, além do câmbio, desta vez também os preços agrícolas e os combustíveis ajudaram a derrubar a inflação.

Na composição do IGP-10, os preços no atacado, com peso de 60% no índice, recuaram 0,78%. A inflação ao consumidor, que responde por 30% do IGP-10, teve queda de 0,07%. E os custos da construção civil, com participação de 10%, subiram 0,09%.

Tarifas de telefone podem subir abaixo de 5% em 2006

Segundo Salomão Quadros, coordenador de Análises Econômicas da FGV, mais do que o câmbio, a inflação recuou graças principalmente à queda de dos preços agrícolas (1,56%) no atacado e dos combustíveis, que ainda não refletem escalada de preços do petróleo nos mercados internacionais. O óleo combustível, por exemplo, caiu 2,78%. No índice ao consumidor, os alimentos tiveram queda de 0,96% e o grupo vestuário, de 1,44%, graças às promoções de fim de inverno.

BC: mercado reduz para 5,4% previsão de inflação

A deflação no IGP-10 reforçou a expectativa de alguns analistas de que o Banco Central (BC) vá reduzir os juros da economia esta semana, na reunião mensal do Comitê de Política Monetária (Copom). Alexandre Sant'Anna, da ARX Capital, prevê um corte de 0,25 ponto percentual na taxa, hoje em 19,75% ao ano. Ele lembra que as tarifas públicas, corrigidas pelos IGPs, subirão menos em 2006. Sant'Anna prevê para julho do ano que vem (quando são reajustados os preços de telefonia) um IGP na casa dos 4% ou 5% em 12 meses.

Mas, na média do mercado, a estimativa é de manutenção de juros esta semana, segundo pesquisa semanal realizada pelo BC com cem analistas. As projeções para a inflação deste ano, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, usado nas metas do governo) recuou de 5,5% para 5,4%. Assim, a estimativa atual está pouco acima do centro da meta perseguida pelo BC, que é de 5,1%. As projeções para o IPCA de 2005 estão em queda há 13 semanas seguidas.

INCLUI QUADRO: O COMPORTAMENTO DO ÍNDICE