Título: TARIFAS E CRÉDITO EM FOLHA ELEVARAM EM 39% LUCRO DO BB NO 1º SEMESTRE
Autor: Ênio Vieira
Fonte: O Globo, 16/08/2005, Economia, p. 20

Ganho de US$1,9 bi foi recorde, mas ficou abaixo do de bancos privados

BRASÍLIA. As receitas com a cobrança de tarifas e os ganhos com a concessão de empréstimos, especialmente aqueles com desconto em folha, elevaram em 39,3% o lucro do Banco do Brasil (BB) no primeiro semestre deste ano. O resultado passou de R$1,421 bilhão de janeiro a junho de 2004 para o patamar recorde, para um semestre, de R$1,979 bilhão - dos quais R$452 milhões serão repassados ao Tesouro Nacional, detentor de participação de 72% no banco. O resultado da maior instituição financeira do país, porém, foi inferior ao dos concorrentes Bradesco e Itaú, de R$2,621 bilhões e R$2,475 bilhões, respectivamente.

No segundo trimestre, o BB teve lucro líquido de R$1,014 bilhão, uma alta de 26% frente ao mesmo período de 2004.

O presidente do BB, Rossano Maranhão Pinto, disse que a redução de despesas contribuiu para a alta do lucro. Para ele, a queda de custos permitirá que a instituição mantenha resultados expressivos, mesmo considerando uma futura redução da taxa básica de juros, que remunera os títulos públicos em poder do banco. O mercado projeta redução dos juros mês que vem.

- A preocupação no semestre foi ajustar o banco ao cenário de queda dos juros. Por isso, trabalhamos na redução de despesas - disse Maranhão.

As tarifas cobradas dos clientes renderam R$3,696 bilhões ao BB este ano - alta de 15,7%, graças ao aumento no número de clientes e ao reajuste no valor das taxas. Em junho de 2004, a receita de tarifa cobria 98,1% dos gastos com funcionários. Hoje essa proporção é de 119,6%, ou seja, supera a despesa com pessoal. Segundo Maranhão, a combinação de mais tarifas e corte de despesas melhorou os índices de eficiência. Hoje, o BB gasta 49,6% das receitas operacionais com despesas administrativas, contra 59% um ano antes.

O ganho com crédito subiu 8,1% no período, passando de R$8,560 bilhões em 2004 para R$9,252 bilhões. Maranhão disse que o crescimento ocorreu no mercado interno, pois a valorização cambial diminuiu o valor das operações no exterior contabilizadas em reais. O estoque no país cresceu 20,7%: de R$72,043 bilhões, em junho de 2004, para R$86,967 bilhões.

Maranhão lembrou ainda que a carteira de crédito com desconto em folha (consignado) cresceu 146%, contra uma média de 116% no mercado. O estoque dessa modalidade saltou de R$1,040 bilhão em junho de 2004 para R$2,558 bilhões.

- Nesse ritmo, o banco pode encerrar o ano com um estoque de R$4 bilhões - disse o presidente do BB.

No semestre, os fundos de investimento administrados pelo BB cresceram de R$116,9 bilhões para R$144,8 bilhões.

INCLUI QUADRO: OS NÚMEROS DA INSTITUIÇÃO