Título: PREÇO DO PETRÓLEO RECUA LÁ FORA
Autor: Ramona Ordoñez/Vagner Ricardo
Fonte: O Globo, 16/08/2005, Economia, p. 19

Em Londres, Brent perde 1,3%. Em NY, barril fecha a US$ 66,27

NOVA YORK e LONDRES. Os preços do petróleo recuaram ontem das altas históricas alcançadas na última sexta-feira, quando o tipo leve americano foi cotado a US$67,10 - o maior nível desde que começou a ser negociado na Bolsa Mercantil de Nova York, em 1983 - e o Brent londrino, a US$ 66,45. Segundo os operadores, a queda poderia ser maior, mas a tensão entre Estados Unidos e Irã, o segundo maior produtor da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), limitou o recuo dos preços.

Temores de desabastecimento, provocados por uma demanda que vem encostando na capacidade de produção e refino de petróleo, já fizeram os preços da commodity subir quase 40% este ano. Segundo dados da Bloomberg News, o volume de produção mundial de petróleo é hoje de 85 milhões de barris diários, contra uma demanda de 83 milhões.

Essa escassa diferença faz com que qualquer evento ou fenômeno que possa afetar a produção - como os constantes acidentes nas refinarias americanas, os conflitos geopolíticos no Oriente Médio ou a temporada de furacões no Golfo do México, onde há uma concentração de plataformas - sirva de pretexto para especulação nas bolsas de petróleo. Os altos preços, por outro lado, levam a eventuais quedas, quando os operadores decidem embolsar os lucros.

Conflito com Irã mantém mercado internacional tenso

Em Londres, o preço do barril do tipo Brent (referência) recuou 1,3%, para US$65,58. Durante a sessão, no entanto, o Brent chegou a bater novo recorde histórico, ao ser negociado a US$66,85. Já o barril do tipo leve americano, negociado em Nova York, perdeu 0,9%, para US$66,27. Para chegar aos níveis da primeira guerra do Golfo, em 1990, considerando-se a inflação do período, os preços do petróleo teriam que chegar a cerca de US$90 o barril.

O argumento do mercado para a queda de ontem se baseou no relatório da Agência Internacional de Energia (IEA, da sigla em inglês), segundo o qual, o atual patamar de preços ameaça afetar o crescimento econômico mundial. Mas o conflito diplomático em relação ao programa nuclear iraniano continua sendo um fator de pressão. Analistas temem que a ONU aplique sanções contra o país, reduzindo sua produção diária de petróleo em quatro milhões de barris - o bastante para afetar os mercados.

Por outro lado, os preços do petróleo engordaram os ganhos das refinarias. Pesquisa divulgada no último domingo mostrou que para os consumidores americanos as companhias são as principais responsáveis pelos altos preços dos combustíveis. Ontem, manifestantes filipinos protestaram contra os preços da gasolina.

Legenda da foto: PROTESTOS CONTRA refinarias: manifestantes filipinos criticam os preços altos