Título: DIRCEU NEGA QUE TENHA FEITO NEGÓCIOS COM DOLEIRO PRESO
Autor: Adauri Antunes Barbosa/Soraya Aggege
Fonte: O Globo, 17/08/2005, O País, p. 3

Assessoria de Márcio Thomaz Bastos também desmente informações sobre o ministro

SÃO PAULO E BRASÍLIA. O deputado José Dirceu (PT-SP) negou ontem que tenha trocado dólares com o doleiro Antonio Oliveira Claramunt, o Toninho da Barcelona, e considerou absurdas as declarações do doleiro aos integrantes da CPI dos Correios. Também o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, rebateu as acusações do doleiro, dizendo que as remessas que fez para o exterior, anteriores ao governo Lula, foram realizadas legalmente, com autorização do Banco Central.

Dirceu disse, por meio de sua assessoria, não ter recursos nem ter feito remessas para o exterior. Ele disse não conhecer a corretora Bônus-Banval, de cuja existência afirmar ter sabido pela imprensa. Segundo o deputado petista, as acusações de que trocava dólares por reais com o doleiro são absurdas, o que desqualifica ainda mais o seu depoimento à CPI. Para o ex-ministro, o doleiro está apenas querendo se aproveitar de uma situação para obter benefícios da Justiça e amenizar sua pena.

- Não tenho nada a ver com Toninho da Barcelona - disse José Dirceu.

Bastos recolheu R$1 milhão de impostos

A assessoria do ministro Márcio Thomaz Bastos divulgou nota rebatendo a afirmação do doleiro Toninho da Barcelona de que ele teria "trocado dólares" e de que a movimentação poderia ser comprovada com base nas declarações de imposto de renda do ministro.

Segundo a nota, Bastos "utilizou os serviços do Unibanco para realizar aplicações financeiras no exterior, em 1995. Ao contrário do que teria afirmado o doleiro, cada uma das aplicações tem suporte em remessas devidamente registradas no Banco Central e em contratos de câmbio, conforme documentação que já foi enviada à CPI do Banestado e está disponível".

A assessoria do ministro diz que, em 2002, Bastos optou por trazer suas aplicações financeiras para o Brasil, recolhendo mais de R$1 milhão ao fisco brasileiro. Ainda de acordo com a assessoria, ao assumir o Ministério da Justiça, por precaução, Bastos passou a administração de todos os seus bens para uma instituição financeira e se desfez das cotas de seu antigo escritório de advocacia. "O desafeto dos doleiros, sobretudo daqueles presos por força da atuação do Ministério da Justiça, por meio de operações como Anaconda e Farol da Colina, desencadeadas pelo Departamento de Polícia Federal, não surpreende ao ministro", diz a nota.