Título: BRASILEIRO PODERÁ EXPLORAR PETRÓLEO COM R$ 10 MIL
Autor: Ramona Ordoñez
Fonte: O Globo, 18/08/2005, Economia, p. 25

Em licitação do setor em outubro, ANP oferecerá ao pequeno produtor 17 campos abandonados pela Petrobras

A Agência Nacional do Petróleo (ANP) decidiu estimular o surgimento no país do pequeno produtor de petróleo, a exemplo do que ocorre em outros países, como os Estados Unidos. Os diretores da ANP John Forman e Newton Monteiro anunciaram ontem que, na Sétima Rodada de Licitações, em outubro próximo, serão oferecidas 17 áreas terrestres devolvidas pela Petrobras.

Essas áreas localizadas em diversas bacias no Nordeste - principalmente a da Bahia e a de Alagoas/Sergipe - foram abandonadas pela Petrobras. Isso porque, com o declínio natural da sua produção, haviam se tornado antieconômicas para a escala da estatal.

O diretor Monteiro destacou, contudo, que esses pequenos campos poderão ainda produzir um volume considerável de petróleo, permitindo o surgimento de produtores independentes no país. Cada poço pode produzir de 20 a 30 barris diários. Segundo cálculos da ANP, o retorno em apenas um poço poderá alcançar US$400 mil (cerca de R$ 940 mil) em um ano, para um investimento máximo de R$300 mil.

- Nos Estados Unidos, cerca de 25 mil pequenos empresários produzem cerca de 2,2 milhões de barris por dia, muito mais do que a Petrobras. Então, pensamos: por que não tentar atrair o pequeno empresário nacional para produzir petróleo? - explicou Monteiro.

Com carnê mensal,ANP paga aluguel de sonda

Segundo o diretor Newton Monteiro, o edital com os detalhes da licitação das 17 áreas será publicado no próximo dia 23. A documentação com os dados geológicos custa em torno de R$200 e os lances mínimos variam de mil reais a R$3 mil. Segundo Monteiro, o capital inicial mínimo estimado para a operação é de R$10 mil.

Para analisar se o projeto será viável, a ANP decidiu desenvolver o campo de Quiambinana, no Recôncavo Baiano, com a participação da Universidade Federal da Bahia.

Esse campo, segundo o diretor da ANP, tem seis poços mas apenas um está produzindo um total de 30 barris diários. Ao longo de todo o ano passado, a produção total foi de dez mil barris.

- E ele funciona de 8h às 17h, para não cansar o poço. Seguimos todas as normas da ANP, para saber todas as dificuldades que um produtor independente poderia ter nesse negócio - disse Monteiro.

Com base nesses estudos a agência identificou alterações que estão sendo feitas na regulamentação para tornar o investimento atraente para o pequeno produtor. Monteiro disse que o aluguel da sonda no campo de Quiambinana está sendo pago por meio de um carnê, em prestações mensais.

No fim do ano, a agência reguladora pretende colocar outro poço em produção, desta vez de gás natural, também na Bahia. Ele terá capacidade para produzir 25 mil metros cúbicos por dia de gás. O diretor disse que não se sabe qual o volume de reservas nessas áreas. Mas pelos testes da ANP o negócio é atraente.

INCLUI QUADRO: SAIBA MAIS SOBRE A NOVA RODADA