Título: CÂMARA DERRUBA AUMENTO E MÍNIMO FICA EM R$300
Autor:
Fonte: O Globo, 18/08/2005, O País, p. 10

BRASÍLIA.Uma ação articulada pelo PMDB permitiu que a base do governo derrubasse o aumento do salário-mínimo para R$384,29. O projeto de conversão do Senado foi rejeitado ontem pela Câmara em votação simbólica, provocando protestos da oposição. O valor do mínimo volta a ser de R$300.

Com os braços levantados, os deputados governistas aprovaram a rejeição do texto do Senado. Anteontem, o governo já havia tentado analisar a emenda por votação simbólica. O objetivo principal era evitar a votação nominal, em que os deputados teriam de assumir o desgaste político de rejeitar o aumento para R$384, 29. O valor havia sido aprovado semana passada.

Desta vez, os governistas não vacilaram e, logo de manhã, combinaram a estratégia. No começo da sessão ordinária, o líder do PMDB na Câmara, Wilson Santiago (PB), apresentou requerimento para adiar a votação do projeto de conversão do Senado. Em seguida, pediu-se verificação de quórum para que houvesse votação nominal. Desse modo, a oposição não poderia solicitar nova verificação no prazo de uma hora, como prevê o regimento da Câmara.

A partir daí, a estratégia era votar o mais rapidamente possível. Ainda houve tempo para os líderes orientarem suas bancadas. PMDB, PSDB, PL e PTB liberaram os deputados para votar. PPS, PSB, PV e PDT defenderam o valor de R$384,29, enquanto PT, PCdoB e PP orientaram voto contrário.

O ministro da Coordenação Política, Jaques Wagner, elogiou a decisão dos deputados de rejeitar o aumento do mínimo.

- Foi uma medida de bom senso e responsabilidade de todos os partidos -- disse o ministro, que passou o dia na Câmara recebendo parlamentares.

Ele anunciou que o governo deve empenhar logo 50% dos recursos de emendas previstos para 2005 (R$2,1 bilhões).