Título: HAMBÚRGUER VIRA MEDIDA DE SALÁRIO
Autor: José Meirelles Passos
Fonte: O Globo, 18/08/2005, Economia, p. 23

Brasileiro trabalha 4 vezes mais que americano para comprar um Big Mac

WASHINGTON. O custo de vida na América Latina continua sendo mais baixo do que nos países ricos. No entanto, os trabalhadores das economias menos avançadas precisam trabalhar bem mais para consumir o mesmo que os colegas de países desenvolvidos.

A constatação é do economista argentino Claudio Loser, que durante anos chefiou o Departamento do Hemisfério Ocidental, do Fundo Monetário Internacional (FMI), responsável pela monitoração das políticas econômicas da América Latina.

Loser adotou um sistema simples para comparar o poder aquisitivo: o "Índice Mac-Salário". Num estudo que acaba de fazer para o Inter-American Dialogue, centro privado de estudos socioeconômicos sediado em Washington, o economista constatou que um brasileiro (ele tomou São Paulo como base) precisa trabalhar 43 minutos para ganhar o suficiente para comprar um Big Mac, enquanto um americano (de Nova York) só precisa trabalhar 11 minutos para comprar o sanduíche.

Um japonês, em Tóquio, trabalha menos ainda pelo sanduíche: dez minutos. Em compensação, um morador da Cidade do México tem de se esforçar 65 minutos para comprar o seu Big Mac. Essa comparação torna-se ainda mais significativa quando se leva em conta um outro fator:

- Um assalariado na América Latina paga 40% a menos, em dólares, por um hambúrguer. Apesar disso, ele tem de trabalhar um período quatro vezes maior para comprá-lo - disse Loser.

Em média, os assalariados das economias avançadas precisam de 13 minutos de trabalho para ter um Big Mac, enquanto os da América Latina necessitam trabalhar 52 minutos.

- A renda na América Latina equivale a 29% da renda nos países ricos. O baixo custo de vida não está ajudando a reduzir a diferença em termos de salários e renda entre países ricos e os em desenvolvimento.

INCLUI QUADRO: CONHEÇA O ESTUDO / Índice Mac-Salário