Título: GOVERNO REVÊ PROJEÇÃO PARA O PIB
Autor: Paula Dias/Ênio Vieira
Fonte: O Globo, 19/08/2005, Economia, p. 23

Equipe econômica deve elevar previsão de alta para até 4,2%

BRASÍLIA. O governo confirmou oficialmente ontem que deverá rever para cima a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano, fixada até agora pelo Banco Central (BC) e pelo Ministério do Planejamento em 3,4%. Segundo cenários apresentados pela equipe econômica ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na reunião ministerial de sexta-feira passada, diante do reaquecimento do segundo trimestre, a expansão da economia poderá ser de até 4,2% em 2005. O número está abaixo dos 4,9% do ano passado, mas é bastante superior à previsão média de 3% feita pelo mercado financeiro.

- Para este ano tínhamos feito uma estimativa em julho, diminuindo o crescimento do PIB de 4% para 3,4%. Mas alguns técnicos do governo já trabalham para reajustar isso, porque provavelmente a economia vai crescer mais - afirmou ontem o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, ao sair do Itamaraty, do almoço oferecido ao presidente de São Tomé e Príncipe, Fradique de Menezes.

A cautela de Paulo Bernardo - que não quis dar números para 2005 e afirmou que estão mantidos os 4,5% de 2006 - é uma estratégia do governo. O presidente Lula disse aos ministros na sexta-feira que acredita num crescimento em torno de 4% e quis saber a avaliação da equipe a respeito. Lula foi aconselhado a ter cautela e a não falar em números em seus discursos.

Esperança de crescimento estáno desempenho das exportações

A ordem na equipe econômica é esperar a divulgação do desempenho da economia no segundo trimestre do ano para anunciar a nova projeção oficial pelo Planejamento. A estimativa do BC só sai no fim de setembro. Mas Lula tem chamado a equipe econômica para discutir o tema e cobrar que o governo faça sua parte para garantir um resultado ainda melhor do PIB.

- Há avaliações e números de todos os tipos. Mas preferimos esperar a divulgação do IBGE, por exemplo (dia 31 de agosto). É melhor termos uma posição mais conservadora, porque é melhor ser obrigado a rever uma previsão para cima do que para baixo - confirmou um integrante da equipe econômica.

Diversos cenários vêm sendo debatidos. Os exercícios apontam para crescimento mínimo de 3,5%, praticamente a previsão oficial . Mas há números maiores, que são 3,8%, 4% e 4,2%. O otimismo do governo é motivado pelo desempenho das exportações e pela expansão econômica entre abril e junho, mais forte do que era projetado inicialmente.

Uma previsão extra-oficial aponta para alta de 1% no período, frente ao primeiro trimestre, quando a variação foi de 0,6%. Na avaliação de uma fonte da equipe econômica, a expansão no segundo semestre também vai se acelerar. A aposta não é isolada. Instituições financeiras e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) - que previa 2,8% no ano - já avisaram que subirão as projeções.