Título: PAÍS TERÁ MENOS EMPREGOS FORMAIS
Autor: Geralda Doca
Fonte: O Globo, 19/08/2005, Economia, p. 23

Governo estima 1,2 milhão de novos postos este ano, 20% a menos que 2004

BRASÍLIA. Com a desaceleração do mercado formal de trabalho, reflexo da alta dos juros, o governo já trabalha com uma projeção de 1,2 milhão de empregos com carteira assinada este ano - uma queda de 20% em relação ao 1,52 milhão de 2004. Ao divulgar ontem a nova previsão, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, destacou que gostaria de anunciar números melhores, mas que a retomada do crescimento do emprego nos mesmos níveis do ano anterior ainda está longe.

- Estou com o pé no chão. Eu gostaria de falar de números maiores, em retomar a velocidade de 2004, mas isso ainda não está no horizonte - disse Marinho, acrescentando que o mercado de trabalho este ano reflete o aumento dos juros pelo Banco Central.

Em julho, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) registrou a abertura de 117.473 postos de trabalho, o menor resultado desde março (102.900). O resultado também ficou abaixo do saldo de julho de 2004, quando foram contratadas 202.033 pessoas. Entre janeiro e julho deste ano, foi criado 1,083 milhão de vagas, contra 1,23 milhão em igual período de 2004.

Com exceção da construção civil, o emprego formal caiu em todos os setores da economia no mês passado, em relação a julho de 2004. A maior queda foi na indústria: de 56.027 contratações para apenas 6.119. Apresentaram resultados negativos os ramos de móveis, borracha, fumos, couros e calçados. Para o ministério, a queda mostra um arrefecimento no ritmo de crescimento da economia.

Emprego subiu nas principais regiões metropolitanas

No setor de serviços, o saldo caiu de 42.729 postos em julho de 2004 para 32.229 este ano e o comércio, de 33.552 para 28.899. Na agricultura, foram abertas 32.447 vagas, contra 55.155 em julho de 2004. A Região Sul também teve resultado negativo: perdeu 2.255 postos.

Marinho argumentou que o mercado formal continua em expansão, embora em ritmo mais lento, e que o comportamento ano passado "foi uma excepcionalidade".

Segundo o ministério, em julho houve alta do nível de emprego em todas as principais regiões metropolitanas, com destaque para São Paulo (20.940 novos postos), seguido por Rio de Janeiro (6.203) e Salvador (5.217).

inclui quadro: o retrato do setor