Título: TARSO GENRO DEVE SER SUBSTITUÍDO EM CHAPA
Autor: Ricardo Galhardo e Soraya Aggege
Fonte: O Globo, 23/08/2005, O País, p. 12

Pressão do grupo de Dirceu pode tirar presidente do PT da disputa sucessória no partido

SÃO PAULO. O presidente interino do PT, Tarso Genro, pode ser substituído na chapa do Campo Majoritário pelo secretário-geral, Ricardo Berzoini, ou o ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência), até amanhã. Tarso recebeu um ultimato e está perdendo a queda-de-braço com o grupo do deputado José Dirceu, segundo avaliam diversos dirigentes. Antes da decisão final, Tarso deve ter reuniões em Brasília. As eleições internas acontecem no próximo dia 18, e o Campo Majoritário sequer iniciou sua campanha.

¿ Esta semana é o último prazo. Temos que iniciar essa campanha. O Tarso precisa deixar claro o motivo da responsabilização pessoal do Dirceu. Ele precisa entender que as posições do Dirceu não são dele, são de um grupo. Mesmo sem ele aqui, há outros dirigentes que fazem parte desse grupo. O fato de Dirceu não estar presente não anula as posições dele¿ afirmou o dirigente Paulo Ferreira, do grupo do ex-ministro.

Com ou sem Tarso, o equilíbrio das forças está longe de acontecer. Berzoini e Dulci continuam se recusando a substituir Tarso. O secretário-geral, por sua vez, faz coro com Tarso na decisão de pedir o afastamento de Dirceu da chapa que concorrerá ao comando do partido. Tarso condicionou sua candidatura à saída de Dirceu. Berzoini reafirmou ontem sua posição:

¿ O deputado José Dirceu está sofrendo um processo no Conselho de Ética da Câmara. Há uma imagem negativa dele, seja ela justa ou não. Não é conveniente deixá-lo na chapa.

Uma carta para Dirceu está sendo preparada, pedindo sua saída. O diretório municipal de Piracicaba, reduto eleitoral de Dirceu e de seu amigo e aliado, o ex-prefeito José Machado, aprovou uma resolução pedindo a saída dele.

¿ Não adianta nada disso. O fato é que o Dirceu não vai sair, ele deixou isso muito claro ¿ disse um integrante do grupo de Dirceu.

Campo Majoritário deve enfrentar segundo turno

A pouco mais de três semanas das eleições internas, membros do próprio Campo Majoritário, que tem a hegemonia partidária há mais de dez anos, avaliam que terão que enfrentar um segundo turno.

¿ É muito provável que tenhamos um segundo turno. Não por culpa do Zé ou do Josué, mas porque estamos muito desmobilizados para as eleições ¿ disse o deputado Devanir Ribeiro (SP).

O adversário mais provável do Campo Majoritário no PED é o advogado Plínio de Arruda Sampaio, que é apoiado por deputados rebeldes de esquerda e pela corrente Ação Popular Socialista. A avaliação é que Sampaio pode vencer a eleição em São Paulo, maior colégio eleitoral do partido, com 25% dos filiados aptos a votar.