Título: PREÇO DE GÁS SOBE NO RIO
Autor: Ramona Ordoñez
Fonte: O Globo, 23/08/2005, Economia, p. 21

CEG anuncia aumento de 0,8% para residências e de 5,1% para veículos em setembro

As distribuidoras já fecharam a conta dos repasses que farão aos consumidores de gás natural do Estado do Rio, em razão do reajuste anunciado pela Petrobras na semana passada. A partir de 1º de setembro, a CEG e a CEG Rio elevarão os preços de venda do gás de uso industrial, comercial, residencial e automotivo em percentuais que variam de 0,8% a 5,1%. Segundo a CEG, o menor reajuste será o aplicado sobre o consumo residencial: 0,8%. Considerando o consumo mínimo de 15 metros cúbicos por mês, a correção representará um acréscimo de R$0,36 nas contas.

Os consumidores comerciais terão suas faturas reajustadas em 1%. O percentual mais alto foi reservado às indústrias e ao gás natural veicular (GNV). No setor industrial, o reajuste vai variar entre 3,7% e 4,7%, dependendo do volume consumido. Já o GNV, ficará 5,1% mais caro para os postos.

Os aumentos da CEG entram em vigor no mesmo dia do reajuste anunciado pela Petrobras. Na última sexta-feira, a estatal anunciou que aumentará em 6,5% o preço do gás produzido no Brasil e em 13% o importado da Bolívia. Como cerca de 80% do gás consumido no Rio vêm da Bacia de Campos, a distribuidora vai repassar um percentual inferior ao aplicado pela estatal.

Nos postos revendedores, a estimativa é que os preços do GNV subam entre 3% e 4% ¿ ou seja, cerca de R$0,06 por metro cúbico, segundo Gustavo Sobral, diretor de gás natural do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do Rio (Sindicomb). O secretário de Energia, Petróleo e Indústria Naval do Rio, Wagner Victer, assim como o diretor do Sindicomb, disseram que o produto vai, na verdade, voltar ao patamar anterior à redução que sofrera em maio último.

A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), por sua vez, informou que está analisando o impacto dos aumentos do preço do gás nas indústrias. A Firjan informou ainda que vai avaliar a legalidade do reajuste, que provocará um desequilíbrio nos preços relativos do gás natural na matriz energética brasileira.

O presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, apresentou ontem o Plano de Negócios 2006-2010 da estatal e admitiu que um dos objetivos do reajuste de preços do gás natural é frear o forte crescimento no consumo. Nos últimos anos, tanto a demanda por gás para veículos quanto para as indústrias vem crescendo cerca de 20% ao ano, em média.

¿ Considerando a oferta de gás brasileira, não podemos ter uma demanda de gás crescendo 20% ao ano para indústrias e carros, setores que podem ter outros combustíveis alternativos ¿ disse Gabrielli.

O presidente informou que a companhia vai investir US$56,4 bilhões até 2010. E anunciou um significativo aumento dos investimentos para a produção de gás natural. Mas deixou claro que essa expansão tem como principal finalidade garantir o consumo pleno das termelétricas a gás natural do país.

A estatal aumentou em 150% os investimentos previstos na área de gás, de US$2,6 bilhões para US$6,5 bilhões. Com isso, até 2010, a companhia pretende oferecer um total de 99,3 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural, contra 77,9 milhões previstos no Plano Estratégico para o período 2004-2010. Do total da oferta prevista, 69,3 milhões de metros cúbicos diários virão da produção nacional.

Estatal prevê preço do barril do petróleo a US$25 em 2008

Os números da Petrobras prevêem que o consumo de gás natural para térmicas aumentará dos 27,1 milhões de metros cúbicos por dia para 46,4 milhões de metros cúbicos. Gabrielli disse que a meta é conseguir ofertar todo o gás natural necessário às térmicas, no caso de usinas entrarem plena operação:

¿ Vamos aumentar a oferta para atender a uma demanda prevista de gás para as térmicas a plena carga. Se esse consumo não acontecer, vamos estudar novos mercados.

O secretário de Energia do Rio, Wagner Victer, afirmou que não é competência da Petrobras, mas do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), traçar a política para o gás natural. Para Victer, tampouco é papel da Petrobras definir os setores que devem consumir o gás natural:

¿ Não cabe à Petrobras, mas ao Estado, definir os segmentos de consumo do gás e estimulá-lo ou não. Isso é estelionato energético.

Em seu plano de investimentos, a Petrobras prevê que em 2008 o barril de petróleo estará em torno de US$25. No próximo ano, os preços estariam próximos de US$45, caindo para US$30 em 2007. Os valores foram considerados conservadores por Gabrielli, mas necessários para garantir o retorno dos investimentos da estatal nos próximos anos.

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