Título: IRAQUE: CONSTITUIÇÃO PROVOCA REAÇÃO DE SUNITAS
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Fonte: O Globo, 23/08/2005, O Mundo /Ciencia e Vida, p. 28
Minutos antes do prazo final, árabes xiitas e curdos apresentam proposta que institui federalismo e valoriza lei islâmica
BAGDÁ. Poucos minutos antes do fim do prazo limite, deputados curdos e árabes xiitas apresentaram uma proposta de Constituição para o Iraque, o que irritou a minoria árabe sunita mas agradou à Casa Branca. Dentro do rascunho há trechos polêmicos, como o que institui o sistema federativo no país e a religião islâmica como fonte principal das leis do país.
Apesar de a proposta ter sido apresentada ontem minutos antes da meia-noite (local), prazo final dentro da extensão de sete dias decidida semana passada, a Constituição não foi votada. Foram concedidos mais três dias para ¿adequar as palavras¿, como disse o presidente do Parlamento, Hajim al-Hassani. Porém, a legalidade da nova ampliação do prazo é discutível.
¿ Todos os grupos tentarão, nos próximos três dias, alcançar um acordo em alguns pontos em que ainda há desentendimentos ¿ disse Hassani.
Sunita diz que há ameaça de revolta nas ruas do país
Ele se referia aos sunitas, minoria que detinha o poder durante a ditadura de Saddam Hussein. A reação deste grupo foi forte.
¿ Se ela passar (a Constituição, tal qual foi apresentada ontem), haverá uma revolta nas ruas ¿ afirmou o negociador sunita Saleh al-Mutlak, que já fala da realização de um bloqueio à proposta que faria com que fosse necessária a eleição de uma outra Assembléia Constituinte.
Apesar das ameaças sunitas, os legisladores xiitas e curdos parecem ter deixado de lado as tentativas de chegar a um consenso e agora pressionam para aprovar a proposta de Constituição tal qual foi apresentada ontem.
¿ Não podemos esperar e dar a eles todo o tempo que precisam para ser convencidos. Se nossos irmãos árabes sunitas não querem votar a favor do federalismo, então eles podem rejeitar a proposta ¿ disse Jalal-el-Din al-Sagheer, um clérigo xiita da comissão constitucional.
Segundo a legislação, caso pelo menos três das 18 províncias rejeitem a proposta por dois terços, a Constituição é rechaçada.
Ontem, o presidente americano, George W. Bush, afirmou que os americanos devem ¿honrar os soldados¿ que morreram no Iraque apoiando a ¿causa pela qual pereceram¿. Ele insistiu que a ocupação do Iraque faz parte da guerra contra o terrorismo.