Título: COM DEFESA DE PALOCCI, DÓLAR CAI E BOLSA SOBE
Autor: Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 23/08/2005, Economia, p. 23

Moeda fecha a R$2,385, em queda de 2,65%, a maior desde janeiro de 2003. Bovespa tem alta de 2,32%

RIO e BRASÍLIA. As declarações do ministro da Fazenda, Antonio Palocci ¿ que no último domingo negou ter recebido propina quando era prefeito de Ribeirão Preto e descartou mudanças na política econômica, mesmo que venha a deixar o governo ¿ levaram ontem os principais ativos financeiros brasileiros a se recuperarem, depois das fortes perdas da última sexta-feira. O dólar fechou ontem em queda de 2,65%, a maior desde 6 de janeiro de 2003, cotado a R$2,385, próximo da mínima do dia, de R$2,382. Na sexta-feira, após as denúncias do advogado Rogério Buratti contra Palocci, a moeda chegou a subir 4% e encerrou em alta de 2,94%.

O risco-Brasil, que indica a confiança dos investidores estrangeiros na capacidade de o país honrar seus pagamentos, caiu 2,63% ontem, para 408 pontos centesimais. Na última sexta-feira, a taxa havia avançado 3,45%. O Global 40, título mais negociado da dívida externa brasileira, teve valorização de 1,07%, para 117,9% do valor de face.

Os investidores da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) também aproveitaram a queda de 0,95% registrada na sexta-feira para comprar ações brasileiras a uma cotação mais baixa. A Bolsa subiu ontem 2,32% e apenas duas ações do Ibovespa ¿ índice que reúne os 55 papéis mais negociados da Bovespa ¿ encerraram o dia em queda: as do Banco do Brasil (0,95%) e as da Aracruz (0,68%).

¿ O mercado reagiu bem porque o ministro se mostrou muito seguro, tranqüilo e, acima de tudo, disse que não muda nada na atual política econômica. Foi uma resposta certeira e rápida às especulações que dominaram o mercado na última sexta-feira, diante das denúncias de que ele teria recebido propina ¿ avalia Carlos Cintra, gestor de Renda Fixa do Banco Prosper.

As projeções de juros futuros, que dispararam quase um ponto na última sexta-feira, recuaram ontem. Nos contratos mais negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros, com vencimento em janeiro de 2007, as taxas caíram de 18,50% para 18,17% ao ano.

Focus: projeção de inflação cai pela 14ª semana

Em relatório a clientes, Walter Molano, sócio do BCP Securities, banco dos EUA que administra recursos de fundos de pensão daquele país, avalia que a crise ¿pode ser a mãe de todas as oportunidades de compra¿.

A pesquisa semanal Focus do Banco Central (BC), divulgada ontem e realizada com cem analistas de mercado, mostra expectativa de que o dólar esteja cotado a R$2,50 no fim de 2005 e a R$2,70 em dezembro de 2006. A pesquisa mostra ainda uma redução de 5,4% para 5,34% na projeção da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2005. Foi a 14ª semana consecutiva de queda nas projeções.

COLABOROU: Enio Vieira

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