Título: EMPRESAS ESTÃO BEM PREPARADAS
Autor: Narisa Louven
Fonte: O Globo, 22/08/2005, Economia, p. 12

Resultados melhoraram

A julgar pelos 218 balanços publicados até o dia 17 deste mês, as maiores empresas do país ganharam musculatura, estão mais bem preparadas para passar ao largo da crise política e ser alvo dos fartos recursos internacionais disponíveis para investimento. O conjunto analisado pelo Conselho Regional de Contabilidade do Rio de Janeiro apresentou resultados extremamente positivos no primeiro semestre deste ano, comparado com o mesmo período de 2004, com queda de 3% no endividamento e aumento superior a 100% no retorno proporcionado aos acionistas ¿ remuneração do capital investido.

A receita operacional líquida chegou a R$325 bilhões no semestre, com expansão de 19,6% ¿ superando a inflação do período, de aproximadamente 6%. O lucro líquido totalizou mais de R$40 bilhões, 34,6% superior ao de igual período do ano passado. Este resultado evidencia que houve ajustes de custos e ganhos de escala no período, afirma o presidente do CRC, Nelson Rocha.

Um dos destaques foi a Confab, que tinha um patrimônio líquido de R$426,6 milhões no fim do primeiro semestre de 2004 e valor de mercado de R$296,2 milhões. Em junho deste ano, o patrimônio líquido da empresa tinha chegado a R$567 milhões, elevando o seu valor de mercado para R$629,9 milhões e proporcionando forte crescimento do retorno ao acionista: nada menos do que 2.850,8%.

Apesar da crise política, Rocha vê um cenário positivo para o segundo semestre deste ano. A economia mundial está crescendo e deve garantir o ritmo das exportações. No mercado interno, o consumo também se mantém, impulsionando o resultado de grandes empresas de varejo como as Lojas Americanas.

Rafael Guedes, diretor da agência de classificação de risco Fitch Ratings, é outro especialista que avalia que a economia brasileira está bem preparada para enfrentar a crise. Segundo ele, aliás, esta crise é de curto prazo:

¿ Prova disso é que no último dia 11 de julho reafirmamos a nota de crédito do Brasil, que é BB- (três níveis abaixo do ¿grau de investimento¿). As empresas brasileiras vão bem e nossa única preocupação neste momento é se a crise pode gerar algum afrouxamento na austeridade fiscal, o que não parece ser o caso. (Mariza Louven).