Título: POLICIAIS TERIAM DIVERGIDO SOBRE JEAN CHARLES
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Fonte: O Globo, 22/08/2005, O Mundo, p. 16

Erro fatal seria responsabilidade de uma segunda equipe armada que assumiu a operação no metrô de Londres

LONDRES. As circunstâncias da morte do brasileiro Jean Charles de Menezes, morto a tiros por engano pela polícia londrina ao ser confundido com um terrorista, ganharam novas versões na imprensa britânica, que cita fontes do alto escalão da polícia. Segundo as informações publicadas no jornal ¿The Observer¿, teria havido divergência de avaliação entre duas equipes da polícia envolvidas na operação.

Os policiais que seguiram Jean Charles até a estação de Stockwell estariam convencidos de que ele não era um homem-bomba, não estava armado e não agia de forma suspeita. Mas a chegada de equipe armada que assumiu a operação teria mudado o seu rumo, superdimensionando o risco. Ainda segundo as fontes, os policiais não teriam entrado no vagão do metrô no qual estava Jean Charles se achassem que ele carregava uma bomba.

Scotland Yard ofereceu US$27 mil à família

A Scotland Yard confirmou ontem que ofereceu uma indenização ex- gratia, ou seja, de forma voluntária sem admitir responsabilidade ou obrigação legal, à família do brasileiro.

¿ Uma carta assinada por advogados da Polícia Metropolitana, oferecendo uma indenização ex gratia no valor de 15 mil libras (US$27 mil), foi entregue a representantes da família de Menezes ¿ informou um porta-voz da polícia, acrescentando que o documento especifica que a oferta não impede nenhuma futura reclamação que a família possa fazer contra a ação da polícia

Ainda de acordo com o porta-voz, a polícia, considerando que uma indenização formal pode ser demorada, ofereceu o dinheiro para cobrir despesas ligadas à morte de Jean Charles.

A respeito do assunto, o periódico sensacionalista ¿The Mail On Sunday¿ publicou ontem que a família de Jean Charles recusou a oferta.

O tablóide ¿News of the World¿ publicou ontem uma entrevista com o comissário-chefe da Scotland Yard, Ian Blair, na qual ele garantiu ao diário que não tinha conhecimento de que o brasileiro não tinha relação com as duas tentativas de atentados em Londres até 24 horas depois de sua morte. Ele explicou que, no dia seguinte ao episódio, alguém entrou em seu escritório e lhe disse: ¿Estamos com problemas. Não existe conexão¿. Nesse momento, assinalou Blair, pensei: ¿Isso é espantoso. Que vamos fazer?¿.

Tony Blair apóia comissário da Scotland Yard

Ontem, um porta-voz do governo informou que o primeiro-ministro Tony Blair apóia o comissário da Scotland Yard, Ian Blair, no caso do brasileiro. ¿Sim¿ foi a sua resposta à pergunta sobre se o primeiro-ministro confia plenamente em Ian Blair, cuja demissão é pedida pela família do brasileiro. Hoje chegam à Inglaterra os representantes do governo brasileiro que vão acompanhar as investigações e haverá uma vigília em frente à residência oficial do premier.

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