Título: EQUADOR: TRÉGUA NOS ATAQUES AO SETOR DE PETRÓLEO
Autor: Monica Tavares e Isabel Braga
Fonte: O Globo, 22/08/2005, Economia, p. 13

Venezuela oferece socorro ao presidente Alfredo Palacio

QUITO. Líderes dos protestos que fecharam a indústria petrolífera do Equador ao longo da semana concordaram em suspender temporariamente seus ataques e negociar com o governo depois de terem sido liberados da prisão. O movimento, organizado por prefeitos e líderes políticos das províncias de Sucumbíos e Orellana, no Norte do país, exige que as empresas de petróleo instaladas na região da Amazônia equatoriana realizem investimentos em estradas, infra-estrutura e obras sociais.

Os manifestantes também querem que o governo renegocie contratos com empresas estrangeiras instaladas no país, entre elas, a Petrobras.

O movimento provocou a intervenção militar nas províncias. Os ataques a instalações da indústria petrolífera contribuíram para a forte alta nos contratos futuros de petróleo leve americano na última sexta-feira, quando a cotação do barril passou de US$65.

¿ A paralisação está suspensa enquanto negociamos ¿ explicou a prefeita de Orellana, Guadalupe Llori ¿ Se não houver resultado, retomaremos os protestos.

Perdas serão, no mínimo, de US$443 milhões

Segundo o governo do Equador, as perdas com os ataques podem chegar a US$443 milhões até outubro, se a produção for retomada imediatamente. O produto representa US$2,13 bilhões em exportações no país, o correspondente a 43% do orçamento fiscal equatoriano. O Equador planeja fazer importações de emergência para atender ao mercado doméstico, e vai pedir um empréstimo de US$400 milhões do Fundo de Reserva Latino-Americano para evitar problemas no balanço de pagamento, decorrentes da interrupção das exportações de petróleo.

Em auxílio ao Equador, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ofereceu petróleo para os equatorianos enfrentarem a crise. Segundo um boletim do governo venezuelano, a oferta foi feita durante uma conversa por telefone entre Chávez e o presidente do Equador, Alfredo Palacio, no sábado.

Os ataques também tiveram impacto ambiental. Segundo a estatal Petroecuador, os atentados contra causaram um derrame de 2.600 barris de petróleo, que estão contaminando rios da Amazônia equatoriana.