Título: Lula reafirma que não muda política econômica
Autor: Ricardo Galhardo
Fonte: O Globo, 24/08/2005, O País, p. 12

`Sou daqueles que acham que o povo brasileiro, sobretudo a parte mais pobre, está tendo perspectiva de ver este país crescer¿

CUIABÁ. Numa reação de otimismo em meio à crise, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu ontem não fazer mudanças na economia que prejudiquem a população mais pobre, e disse que o país pode sair fortalecido da avalanche de denúncias de corrupção que atinge o governo e o PT:

¿ Eu sou daqueles que acham que o povo brasileiro, sobretudo a parte mais pobre, está vivendo um momento em que pela primeira vez tem perspectiva de ver este país crescer de forma sustentável, com a inflação baixa. Portanto, esse trabalhador está tendo perspectiva de ter um ganho real na sua renda mensal e de poder participar, com muito mais força, da política e do mercado de consumo deste país. E eu quero dizer que não jogarei fora esta oportunidade, por nada neste mundo.

De acordo com Lula, o trabalhador mais pobre pode ficar tranqüilo, porque não será prejudicado.

¿ Não há por que qualquer cidadão ou cidadã temer que essa crise possa lhe causar prejuízo. Vamos aproveitar. Tem uma crise? Tem. Vamos tirar proveito para fazer o Brasil sair dela muito mais fortalecido, muito mais democrático e, quem sabe, para que o povo tenha muito mais riqueza e distribuição de renda ¿ prometeu o presidente, durante a inauguração de uma linha de transmissão de energia em Cuiabá.

O presidente reafirmou que não fará mudanças na política econômica, embora tenha recebido sugestões para baixar os juros e aumentar o valor do salário-mínimo. Ele criticou os senadores que defendem o reajuste para R$384 e rejeitou a possibilidade de uma queda brusca na taxa de juros, porque não é uma ¿questão apenas de vontade¿:

¿ Não estou pensando nas próximas eleições, mas nas próximas gerações.

Lula chamou de medíocres os governos anteriores que submeteram a economia aos interesses políticos de momento. Demonstrando confiança na política econômica capitaneada pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci, o presidente voltou a reafirmar que não fará aventuras eleitoreiras.

Em um discurso repleto de referências diretas à crise política, o presidente voltou a dizer que todas as denúncias serão investigadas e aproveitou para criticar ¿os que fazem carnaval¿ em vez de investigar.

¿ Não haverá denúncia com indício de prova que não seja investigada. Todo mundo conhece a qualidade de investigação da Polícia Federal e do Ministério Público e todo mundo sabe que essas coisas, quando são feitas com seriedade, são mais demoradas ¿ disse Lula.