Título: SERENO CAI EM CONTRADIÇÃO AO DEPOR
Autor: Alan Gripp, Soraya Aggege e Rodrigo Rangel
Fonte: O Globo, 24/08/2005, O País, p. 13

Ex-assessor de Dirceu admite que recebeu Valério no Palácio do Planalto

BRASÍLIA. Um poderoso assessor da Casa Civil, que despachava diariamente com o chefe e amigo, o então ministro José Dirceu, mas com quem nunca tratava de política nem dos assuntos do PT. O perfil traçado ontem por Marcelo Sereno de sua própria atuação como homem de confiança de Dirceu já não convencia os senadores que o sabatinavam na CPI dos Bingos quando ele caiu em contradição. Sereno, que insistia em afirmar que apenas tratava de assuntos do governo no Palácio do Planalto, acabou admitindo que recebeu em seu gabinete ¿duas ou três vezes¿ o empresário Marcos Valério de Souza. O assunto: a participação do empresário em campanhas do PT no Rio em 2004.

¿ Ele (Valério) me visitou duas ou três vezes e eu posso ter almoçado com ele também. Ele estava interessado em fazer campanhas no Rio. Como sabia de minha influência, me procurou e acabou fazendo a campanha de Petrópolis.

Sereno, porém, negou que soubesse do esquema de caixa dois do PT e dos empréstimos feitos por Valério ao partido. E disse que nunca ouviu falar em mensalão. O ex-assessor da Casa Civil, que deixou o cargo para assumir a Secretaria de Comunicação do PT, com salário de R$7 mil, foi fiel a Dirceu. Disse acreditar que ele não sabia da atuação de Valério no PT.

¿ Ele não sabia de nada. Acredito nele.

Sereno também negou a denúncia de que fora informado das tentativas de achaque praticadas pelo ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz, quando era presidente da Loterj, e nada fez. Waldomiro foi flagrado pedindo propina ao empresário de jogos Carlinhos Cachoeira.

¿ Ele nunca falou isso para mim. É mentira.

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