Título: VOLUME DE CRÉDITO EM ELEVAÇÃO
Autor: Geralda Doca
Fonte: O Globo, 24/08/2005, Economia, p. 23

Taxa média de juros mantém trajetória de queda em agosto

BRASÍLIA. Alheios à crise política, os bancos e seus clientes continuam aquecendo o mercado de crédito. No começo de agosto, as taxas dos empréstimos permaneceram em queda e o volume de crédito, em alta. A taxa média anual de juros caiu de 49%, em junho, para 48,8% no mês passado, e para 48,1% nos primeiros nove dias úteis de agosto. Os juros para pessoas físicas diminuíram de 64,7% para 64,5% em julho, mas aceleraram a redução este mês, ao atingir 62,4% ao ano. O mês passado foi o segundo consecutivo de recuo dos juros em 2005, que teve um período de alta entre janeiro e maio.

No cenário de juros em queda, o volume de crédito com recursos livres (que exclui habitação, rural, microcrédito) alcançou níveis recordes em julho, tendo subido de R$306,5 bilhões em junho para R$311,5 bilhões. O estoque passou a representar 16,5% do Produto Interno Bruto (PIB), o maior volume desde junho de 2000, quando o Banco Central iniciou esse tipo de levantamento. O crédito total no Brasil está em 28,2% do PIB. Mas o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, disse que ainda se está longe dos 36,9% do PIB de fevereiro de 1995, que foi o ponto máximo já alcançado.

Na queda das taxas em agosto, Lopes notou uma redução de dois pontos percentuais nos spreads de crédito pessoal (a diferença entre a taxa final paga pelo cliente e o custo de captação dos bancos no mercado). Significa que as instituições financeiras estão calculando um risco menor de inadimplência e vêem um cenário seguro para liberar financiamentos.

Segundo Lopes, os juros nos financiamentos refletem o aumento do crédito com desconto em folha de pagamento (consignado), que tem custos menores. Já a taxa do cheque especial ficou estável em 148% ao ano em julho.

As operações consignadas mantiveram em julho a taxa média de 36,8% ao ano, que é metade dos 76,6% ao ano cobrados no Crédito Direto ao Consumidor (CDC). Os juros mais baixos, porém, continuam sendo os de financiamento para compra de veículos, cuja taxa média recuou de 36,9% ao ano em junho para 36,1% no mês passado.