Título: CRISE POLÍTICA VOLTA A PESAR: DÓLAR SOBE 1% E BOLSA CAI
Autor: Geralda Doca
Fonte: O Globo, 24/08/2005, Economia, p. 23

Moeda fecha em R$2,409 e Bovespa tem queda de 1,8%. Risco-Brasil avança 1,47%, para 414 pontos

Depois da recuperação registrada na última segunda-feira, investidores voltaram a usar a crise política como razão para embolsar lucros, comprando dólares a uma cotação mais baixa e vendendo ações e títulos em alta. Com isso, o dólar subiu 1,01%, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) caiu 1,80% e o risco-Brasil avançou 1,47%.

A maior cautela, segundo analistas, foi motivada pelos rumores de que Rogério Buratti , ex-assessor do ministro Antonio Palocci, teria desaparecido. No fim da tarde, porém, o advogado de Buratti, Roberto Lopes Telhada, foi à CPI dos Bingos pedir adiamento de hoje para amanhã do depoimento do ex-assessor e afirmou que ele está sob efeito de calmantes. Na última semana, Buratti acusou Palocci de receber R$50 mil mensais da empresa Leão & Leão quando era prefeito de Ribeirão Preto. No domingo, o ministro negou ter recebido propina e disse que, mesmo que saia do governo, a política econômica não muda.

Outro fator que influenciou o mercado foi a convocação do chefe de gabinete de Palocci, Jucelino Dourado, para depor na CPI dos Bingos e a expectativa em torno do depoimento ontem do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, à CPI do Mensalão.

O dólar já iniciou os negócios em alta e encerrou a R$2,409. A Bolsa, que havia subido 2,32% na véspera, caiu durante todo o dia de ontem e chegou a registrar perdas superiores a 2%, para fechar em queda de 1,8%. O risco-Brasil, termômetro da confiança dos investidores estrangeiros no país, subiu para 414 pontos centesimais e o Global 40, título brasileiro mais negociado no mercado internacional, caiu 0,13%, cotado a 117,75% do valor de face.

Juros sobem e Tesouro tem dificuldade de vender papéis

A crise respingou ontem no leilão de títulos públicos que sempre ocorre às terças-feiras. O Tesouro Nacional não conseguiu vender papéis prefixados com vencimento superior a 2007 e teve que garantir um juro maior aos investidores para vender títulos pós-fixados com resgate em 2008 e 2009. Nos contratos de juros futuros, as projeções de taxas subiram. Nos mais negociados, com vencimento em janeiro de 2007, as taxas subiram de 18,17% para 18,32% ao ano.

www.oglobo.com.br/especiais/derivativos