Título: ÍNDICE DA FGV REGISTRA DEFLAÇÃO DE 0,33%, A MENOR TAXA DESDE 2003
Autor: Carlos Vasconcelos
Fonte: O Globo, 24/08/2005, Economia, p. 24

Inflação se aproxima da meta e economistas recomendam corte de juros

O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), que mede a cada semana a inflação dos últimos 30 dias, registrou deflação de 0,33% no período encerrado em 22 de agosto. Foi a menor taxa registrada desde a criação do índice, em janeiro de 2003. A queda foi puxada pelo item alimentação, que recuou 1,30%, contra deflação de 1,10% na medição anterior. Também houve desaceleração de preços em habitação, que passou de 0,23% para 0,10%.

Com isso, alguns economistas já apostam num IPCA (índice de preços usado como parâmetro das metas de inflação do governo) próximo de zero no mês.

¿ Estamos nos aproximando da meta ajustada de inflação anual, de 5,1% ¿ disse João Carlos Gomes, economista da Fecomércio-RJ. ¿ Uma redução de 0,5 ponto percentual na taxa pode representar uma economia de R$2 bilhões a R$3 bilhões por mês em juros da dívida pública.

`Gastamos 7% do PIB este ano com juros. É muito¿

O economista Carlos Thadeu de Freitas, ex-diretor do Banco Central e professor do Ibmec, concorda. Para ele, a manutenção dos juros reais (taxa básica, descontada a inflação) perto de 14% ao mês não se justifica.

¿ O único risco para a inflação, no momento, é um choque no mercado de petróleo, mas com a demanda em baixa, isso não tem tanto impacto.

Carlos Thadeu defende que os juros altos estão puxando o freio de mão da economia.

¿ Podíamos crescer mais. Gastamos 7% do PIB este ano com juros, para baixar a inflação de 6% ao ano para 5,4%. O custo é muito alto.

Segundo o coordenador do IPC da Fundação Getulio Vargas, André Braz, apesar da forte deflação, alguns números do IPC-S indicam uma tendência de ligeira aceleração. Nada, no entanto, que aponte para risco de descontrole inflacionário.

¿ Houve mais produtos com aceleração de preços na medição desta semana ¿ disse. ¿ A inflação pode sair do negativo no mês que vem, mas deve continuar baixa. Mesmo o esperado reajuste da gasolina, se vier logo, pode ser compensado por outros fatores