Título: DESEMPREGO ESTACIONA PELO 4º MÊS
Autor: Wagner Gomes
Fonte: O Globo, 24/08/2005, Economia, p. 25

Em São Paulo, número de desocupados chega a 1,76 milhão de pessoas

SÃO PAULO. Um retrato da difícil busca por trabalho na região metropolitana de São Paulo: mais de mil jovens acampados na madrugada de ontem, em frente à Arteb, em São Bernardo do Campo. Eles tentavam se inscrever no curso profissionalizante da empresa de autopeças. Há 18 vagas para estágio, com uma bolsa-auxílio de R$150 por mês.

A situação dos candidatos é mais uma evidência do problema do desemprego na Região Metropolitana de São Paulo. Segundo pesquisa divulgada ontem pela Fundação Seade e pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em julho o número de desempregados chegou a 1,765 milhão, oito mil pessoas a mais do que em junho. Pelo quarto mês consecutivo, a taxa de desemprego permaneceu em 17,5% da População Economicamente Ativa (PEA).

Em julho, foram criados 36 mil postos de trabalho, insuficientes para absorver as 44 mil pessoas que passaram a procurar emprego no mês passado. Apenas um setor da economia abriu vagas: as prestadoras de serviços criaram 85 mil empregos, entre trabalho autônomo e assalariado com carteira assinada.

O desemprego já deveria estar em queda neste período do ano. Mas, segundo o diretor de Produção e Análise da Fundação Seade, Sinésio Pires Ferreira, isso não está acontecendo porque os empresários estão muito cautelosos e evitam elevar a produção e os investimentos.

Queda da inflação fez renda aumentar de maio a junho

Entre maio e junho de 2005, o rendimento médio real do total de ocupados cresceu 1,8%, passando a R$1.040 mensais. Nos últimos 12 meses, a queda acumulada é de 2,8%. Para Alexandre Loloian, coordenador de análise da Fundação Seade, a queda da inflação nos últimos meses (até com períodos de deflação) implicou um aumento real de salário para os trabalhadores. Ou seja, os preços subiram menos, ou até caíram, enquanto o salário foi reajustado com base em uma inflação passada mais alta.